sábado, 16 de outubro de 2010

«A Comunidade Vive da Palavra!» - Ano Pastoral 2010/2011

XXIX DOMINGO COMUM
ANO C
(17.10.2010)

- A Comunidade, como se referiu já, escolheu para este ano pastoral a afirmação: «A Comunidade Vive da Palavra».

- São Paulo, na Carta a Timóteo – 2ª Leitura de hoje –, refere-nos: «Caríssimo: permanece firme no que aprendeste e aceitaste como certo, sabendo de quem o aprendeste. (…) Toda a Escritura, inspirada por Deus, é útil para ensinar, persuadir, corrigir e formar segundo a justiça. Assim o homem de Deus será perfeito, bem preparado para todas as boas obras» (2Tim. 3, 14. 16 – 17)

. Aqui se sublinham a importância da Escritura e da Tradição, como suportes da vivência da fé.

- Por outro lado, ainda, as duas outras leituras – 1ª Leitura e Evangelho – são um convite insistente à oração, e oração perseverante, como forma de permanecer e crescer neste mesmo dom da fé – acolhimento dos dons de Deus e compromisso com o Seu Reino.

- Como articular todos estes aspectos, aparentemente dispersos?

1 – Em primeiro lugar, cada um de nós é chamado à comunhão íntima com Deus através da oração, mediante a qual Deus nos escuta e nos fala, «numa verdadeira aliança entre Deus e o homem, em Cristo» (CIC. 2564).

. E se assume centralidade na vida cristã a celebração comunitária, mormente a Eucaristia (cf. SC 10);
. Também a oração pessoal assume carácter vital para o crescimento como cristãos.

- Mas a nossa oração pode enfermar, quantas vezes, da falta de persistência, da centralidade de nós mesmos – presos às nossas dificuldades e problemas -, incapazes de ouvir a voz de Deus.

- Ora, Deus reponde a cada um, segundo a sua condição e suas necessidades.

. E se reponde mediante a moção do Seu Espírito;
. Responde também mediante a Sua Palavra.

- Na Palavra de Deus – a Escritura – nós encontramos a perene voz de Deus, que «fala aos homens como a amigos e dialoga com eles, para os convidar à comunhão com Ele e nela os receber» (DV. 2).

2 – É assim que a Sagrada Escritura há-de assumir centralidade na vida dos cristãos – no diálogo com Deus e na fidelidade à Sua palavra.

- Por isso nos diz a Igreja, na Dei Verbum, do Vaticano II:

«A Igreja venerou sempre as divinas Escrituras como venera o próprio Corpo do Senhor, não deixando jamais, sobretudo na sagrada Liturgia, de tomar e distribuir aos fiéis o pão da vida, quer da mesa da palavra de Deus quer da do Corpo de Cristo. Sempre as considerou, e continua a considerar, juntamente com a sagrada Tradição, como regra suprema da sua fé; elas, com efeito, inspiradas como são por Deus, e exaradas por escrito duma vez para sempre, continuam a dar-nos imutavelmente a palavra do próprio Deus, e fazem ouvir a voz do Espírito Santo através das palavras dos profetas e dos Apóstolos. É preciso, pois, que toda a pregação eclesiástica, assim como a própria religião cristã, seja alimentada e regida pela Sagrada Escritura. Com efeito, nos livros sagrados, o Pai que está nos céus vem amorosamente ao encontro de Seus filhos, a conversar com eles; e é tão grande a força e a virtude da palavra de Deus que se torna o apoio vigoroso da Igreja, solidez da fé para os filhos da Igreja, alimento da alma, fonte pura e perene de vida espiritual. Por isso se devem aplicar por excelência à Sagrada Escritura as palavras: «A palavra de Deus é viva e eficaz» (Hebr. 4,12), «capaz de edificar e dar a herança a todos os santificados», (Act. 20,32; cfr. 1 Tess. 2,13)» (DV. 21).

. A redescoberta da Sagrada Escritura, como «regra suprema a da fé»;

. É hoje, para nós a «imutável palavra do próprio Deus»;

. Por isso, tem de assumir centralidade em toda a vida cristã.

- Neste sentido, continua o Concílio, na mesma Dei Verbum:

«É necessário, por isso, que todos os clérigos e sobretudo os sacerdotes de Cristo e outros que, como os diáconos e os catequistas, se consagram legitimamente ao ministério da palavra, mantenham um contacto íntimo com as Escrituras, mediante a leitura assídua e o estudo aturado, a fim de que nenhum deles se torne «pregador vão e superficial da palavra de Deus, por não a ouvir de dentro» (4), tendo, como têm, a obrigação de comunicar aos fiéis que lhes estão confiados as grandíssimas riquezas da palavra divina, sobretudo na sagrada Liturgia. Do mesmo modo, o sagrado Concílio exorta com ardor e insistência todos os fiéis, mormente os religiosos, a que aprendam «a sublime ciência de Jesus Cristo» (Fil. 3,8) com a leitura frequente das divinas Escrituras, porque «a ignorância das Escrituras é ignorância de Cristo» (5). Debrucem-se, pois, gostosamente sobre o texto sagrado, quer através da sagrada Liturgia, rica de palavras divinas, quer pela leitura espiritual, quer por outros meios que se vão espalhando tão louvavelmente por toda a parte, com a aprovação e estímulo dos pastores da Igreja. Lembrem-se, porém, que a leitura da Sagrada Escritura deve ser acompanhada de oração para que seja possível o diálogo entre Deus e o homem; porque «a Ele falamos, quando rezamos, a Ele ouvimos, quando lemos os divinos oráculos» (DV. 25)

- Também aqui entendemos a advertência de São Paulo a Timóteo – a leitura das Escrituras não nos remete apenas para a oração, como se indica, embora deva pressupô-la;

- Mas é a referência para a toda a nossa vida cristã: «útil para ensinar, persuadir, corrigir e formar segundo a justiça» (2Tim. 3, 16).

- Ao propormo-nos viver um ano especialmente bíblico, queremos viver esta dupla dimensão: orar, na escuta da Palavra de Deus e assumir o compromisso cristão, segundo a mesma Palavra. Que o Espírito nos ilumine conceda tal graça.