quinta-feira, 20 de outubro de 2011

PROGRAMA PASTORAL 2011 / 2012

Paróquias de
Luso e Pampilhosa

PROGRAMA PASTORAL
2011 /2012

«A PALAVRA DE DEUS É VIVA E EFICAZ» (Heb. 4,12)

INTRODUÇÃO

O presente ano pastoral de 2011 – 2012 terá como tema aglutinador a expressão, da Carta aos Hebreus, «A Palavra de Deus é viva e eficaz» (Heb. 4, 12). Pretende-se continuar o aprofundamento bíblico, na sequência do ano pastoral anterior. Esperando, agora, que a proposta pastoral tenha uma aceitação muito mais decidida, por parte das comunidades e de cada cristão, do que aquela que pudemos registar no ano pastoral anterior.

Sendo este o elemento central da acção pastoral – o aprofundamento Bíblico – não esgota, como é óbvio, toda a acção da Igreja, a nível das comunidades, que terá de continuar a centrar-se nas quatro dimensões que lhe são próprias: a catequese; a liturgia; o serviço da caridade; e a dinamização das estruturas de comunhão. Contudo, todos estes aspectos estruturantes da vida comunitária terão uma referência directa à proposta aglutinadora, a partir da qual se compreendem e se podem dinamizar.
De igual modo, na hora actual da Igreja Universal e da Igreja Diocesana, urge responder aos apelos da «Nova Evangelização», enquanto renovação da vida interior das comunidades paroquiais e abertura a um testemunho coerente no mundo, vivenciando o mandato missionário que Cristo confia à sua Igreja: «Ide, portanto, e fazei que todas as nações se tornem discípulos» (Mt. 28, 19).
Servem de fundamento a esta planificação os documentos do Vaticano II, com destaque para a Dei Verbum; a Exortação Apostólica Pós – Sinodal A Palavra do Senhor, do Papa Bento XVI; o Catecismo da Igreja Católica; os Lineamenta do Sínodo dos Bispo de 2012; a comunicação do nosso bispo, nas Jornadas Pastorais do Clero, Possíveis caminhos para uma Nova Pastoral; o Décimo Segundo Sínodo Diocesano de Coimbra, de 1999; o livro Testemunha do Evangelho, do bispo espanhol D. Fernando Sebastián Aguilar[1]; e, de Enzo Bianchi, a Paróquia[2].

1. O tema do ano: «A Palavra de Deus é viva e eficaz» (Heb. 4,12).

1.1. Conteúdo

Com a expressão da Carta aos Hebreus «A Palavra de Deus é viva e eficaz» (Heb. 4, 12), pretendemos sublinhar os seguintes aspectos fundamentais, para a vida das comunidades cristãs:
a) A Palavra de Deus é o próprio Cristo feito carne no meio de nós, em cuja incarnação o Verbo eterno «transmite as palavras de Deus e consuma a obra de salvação que o Pai lhe confiou» (DV. 4). A palavra do Ressuscitado permanece na Igreja, pela força do Seu Espírito, convocando-nos a uma escuta profunda e consequente, na conformação com a sua pessoa e com a actualidade dessa mesma palavra.

b) A eficácia da palavra advém precisamente da força do Espírito que a torna eficaz na Igreja, seja na liturgia, na oração pessoal ou noutros momentos de meditação, permitindo que a sua escuta se transforme num verdadeiro «diálogo entre Deus e o homem» (DV. 25), mediante o qual nos tornamos capazes de falar com Ele e de O escutar com toda a profundidade da nossa alma (cf. DV. 25).

c) A escuta desta palavra deve conduzir-nos à verdade do testemunho cristão, para que todos nós, na diversidade de géneros de vida, de profissões e de carismas, guiados pelo mesmo Espírito de Deus e obedecendo à voz do Pai, sigamos a Cristo pobre, humilde e carregado com a cruz, para merecermos participar na Sua glória (cf. LG. 41). Também neste sentido a palavra é eficaz, permitindo a construção do Reino de Deus no mundo ao qual somos enviados.

Ora, para que esta palavra seja eficaz na vida de cada cristão, é necessário escutá-la e conhecê-la. Neste sentido, exorta o Concílio Vaticano II «a que todos os fiéis aprendam a maravilha que é o conhecimento de Jesus Cristo, com a leitura frequente das divinas Escrituras, porque ‘desconhecer as escrituras é desconhecer Cristo’» (DV. 25). Para logo continuar: «Debrucem-se, pois, amorosamente sobre o texto sagrado, quer através da sagrada Liturgia, rica de palavras divinas, quer pela leitura espiritual, quer por cursos apropriados, quer ainda através de outros meios que em nossos dias, com a aprovação e estímulo dos Pastores da Igreja, se vão difundindo tão louvavelmente por toda a parte» (DV. 25). E, na perspectiva da elaboração futura de um programa pastoral para a Diocese, é ainda o nosso Bispo quem nos convida a trilhar este mesmo caminho, ao referir: «É necessário implementar um sério conhecimento da Sagrada Escritura, como Palavra de Deus que, juntamente com a Eucaristia, é o alimento de Deus para a sua Igreja. Não se pode fazer a nova evangelização sem propor aos cristãos a leitura, meditação e oração a partir da Palavra de Deus, tanto individualmente, como em família ou na comunidade cristã»[3]. Para logo continuar: «A leitura litúrgica, a celebração da Liturgia das Horas e a lectio divina, acompanhadas pelo estudo bíblico, são meios indispensáveis para o aprofundamento da fé»[4]. Concluindo, então: «temos de gastar muito tempo e energias a difundir entre os cristãos a prática da leitura orante da Bíblia»[5]. E é o próprio Concílio que, na alusão ao tema escolhido para este ano, nos ensina ainda: «É tão grande a força e a eficácia da palavra de Deus, que se torna o sustentáculo vigoroso da palavra da Igreja, fortaleza da fé para os filhos da Igreja, alimento da alma, fonte pura e perene de vida espiritual. Daí que se deva aplicar, por excelência, à Sagrada Escritura as palavras: a palavra de Deus é viva e eficaz (Heb. 4, 12), e tem poder de construir o edifício e de vos conceder parte na herança com todos os santificados (Act. 20, 32)» (DV. 21).
Assim, o aprofundamento da Palavra de Deus, através da oração e do seu estudo, em ordem ao conhecimento das fontes da fé, ocupará um lugar privilegiado no ano pastoral que agora se inicia.

1.2. Objectivos

- Aprofundar o conhecimento Bíblico.
- Incrementar a vida cristã a partir da Lectio Divina (leitura orante da Bíblia).
- Valorizar o anúncio da Palavra em todos os âmbitos da vida comunitária.

1.3. Estratégias e recursos

- Formação de grupos de reflexão bíblica, na perspectiva da lectio divina – leitura orante da Bíblia[6].
- Revitalização dos grupos bíblicos, no Luso. Possibilidade de oração em pequenos grupos a partir da bíblia.
- Utilização dos livros: LA CASA DE LA BÍBLIA - O Tesouro do Escriba. Guia para uma leitura comunitária do Evangelho de São Mateus. Coimbra: Gráfica de Coimbra, 2007; Idem – o Verdadeiro Rosto de Jesus. Para uma leitura comunitária do Evangelho de São Marcos. Coimbra: Gráfica de Coimbra, 1996; Idem, Curso de Iniciação á Leitura da Bíblia. Coimbra: Gráfica de Coimbra, 1996. (Tradução do Pe. Idalino Simões).
- Uma especial atenção à preparação do anúncio da Palavra em todas as celebrações litúrgicas – Eucaristias; demais Sacramentos; Celebrações da Palavra.
- Especial atenção aos momentos de oração comum, antes ou no fim de cada reunião, com recurso contínuo à Palavra de Deus.

2. Nova Evangelização: «Novos cristãos, nova Igreja, nova cultura, nova sociedade»[7].

2.1. Conteúdo

A «Nova Evangelização» define-se, segundo a intuição do Papa João Paulo II, como «um meio de comunicação de forças com vista a um novo ardor missionário e evangelizador»[8]. É com este intuito que o Papa a refere, falando aos bispos da América Latina: «A comemoração do meio milénio de evangelização alcançará o seu significado pleno se for um compromisso vosso como bispos, juntamente com o vosso Presbitério e com os vossos fiéis; compromisso não certamente de reevangelização, mas de uma nova evangelização. Nova em seu ardor, em seus métodos, em suas expressões. Não se trata de fazer de novo qualquer coisa que foi mal feita ou que não funcionou, como se a nova acção fosse um implícito juízo sobre o falhanço da primeira. A nova evangelização não é uma duplicação da primeira, não é uma simples repetição, mas é a coragem de ousar novos caminhos, para atender às mudanças de condições dentro das quais a Igreja é chamada a viver hoje o anúncio do Evangelho»[9]. Continuando, refere o papa João Paulo II: «a nova evangelização é, antes de mais, uma acção espiritual; a capacidade de assumir, no presente, a coragem e a força dos primeiros cristãos, dos primeiros missionários. É, portanto, uma acção que requer, em primeiro lugar, um processo de discernimento acerca do estado de saúde do cristianismo, o reconhecimento das medidas tomadas e das dificuldades encontradas (…) [para] entrar numa nova etapa histórica do seu dinamismo missionário»[10].
Já D. Fernando Aguilar, na sequência desta proposta do sumo pontífice, a define como «novos cristãos, nova Igreja, nova cultura, nova sociedade. Um programa para muitos anos, para várias gerações. Mas competindo-nos a nós começar, pôr o rumo certo e assentar os fundamentos»[11].
Neste mesmo âmbito, o nosso bispo, recentemente, resumia também assim a sua vontade, no que se refere à acção pastoral na nossa diocese, para os próximos anos: «Gostaria que os próximos anos fossem essencialmente voltados para esta pastoral da fé, para a nova evangelização das comunidades, para o conhecimento de Jesus Cristo, para a adesão íntima e profunda a Ele»[12].
Ora, é este caminho, fundado na escuta profunda da Palavra de Deus que havemos de trilhar, em comunidades paroquias, obedientes à voz do Espírito, que nos fala mediante os pastores da Igreja que nos confirmam na fé. Esta «Nova Evangelização» compreenderá, portanto, simultaneamente a renovação pessoal de cada um e das comunidades, no encontro pessoal com Cristo, e o testemunho vivo do seu amor, de modo a que muitos outros se possam aproximar d’Ele, o único que tem palavras de «vida eterna» (Cf. Jo. 6, 68).

2.2. Objectivos

- Criar estruturas que permitam o anúncio do Evangelho noutros espaços que não apenas os habituais, no âmbito das paróquias.
- Sensibilizar as comunidades para a necessidade de assumir com um novo fôlego a missão primeira da Igreja: «Ide por todo o mundo e proclamai o Evangelho a toda a criatura» (Mc.16, 15).
- Cruzar o aprofundamento Bíblico com a urgência da missão eclesial.
- Incentivar os fiéis leigos a serem presença viva e actuante como testemunhas dos valores do Reino de Deus nas estruturas seculares.

2.3. Estratégias e recursos

- Pela sua complexidade, o novo dinamismo evangelizador necessita de estruturas provadas na sua eficácia. Assim, contactaremos com os Cursos Alfa, aprofundando a sua pedagogia, em ordem à acção missionária no contexto das comunidades cristãs.
- Envolver as comunidades cristãs no dinamismo evangelizador, integrando, se possível, células de evangelização, na linha do recurso acima indicado.
- Urge promover uma séria reflexão comunitária sobre a Gaudium et Spes do Vaticano II. Programaremos, oportunamente, uma reflexão / conferência sobre esta Constituição Conciliar. Esta iniciativa insere-se, ainda, nas celebrações dos cinquenta anos do Vaticano II.
- Aproveitando a experiência de formação Bíblica, consciencializar os fiéis que o compromisso cristão, que brota da relação com Deus, pressupõe sempre a missão.
- Por ocasião da preparação do Sínodo dos Bispos sobre «Nova Evangelização», propor às comunidades um espaço de reflexão sobre os grandes desafios que hoje se colocam à Igreja, presentes nos Lineamenta do Sínodo. Esta reflexão pode ser realizada no âmbito de uma conferência, com um especialista nesta área de acção pastoral.

[1] Cf. AGUILAR, D. Fernando Sebastián – Testemunha do Evangelho. Coimbra: Gráfica de Coimbra 2, 2005. (Tradução de Maria Armanda Saint- Maurice).
[2] Cf. BINACHI, Enzo e CORTI, Renato – A Paróquia. Prior Velho: Paulinas, 2006.
[3] D. Virgílio Antunes – Possíveis caminhos para uma Nova Pastoral. Policopiado. Coimbra, 29 de Setembro de 2011, p. 4. (Comunicação do Senhor Bispo no encerramento das Jornadas Pastorais do Clero, realizadas na Praia de Mira, a 28 e 29 de Outubro de 2011).
[4] Ibidem, p. 4.
[5] Ibidem, p. 4.
[6] Para ver o esquema da Lectio Divina consulte-se o livro: LA CASA DE LA BÍBLIA – Curso de Iniciação à Leitura da Bíblia. Coimbra: Gráfica de Coimbra, 1996, p. 29.
[7] AGUILAR, D. Fernando Sebastián – Testemunha do Evangelho, op. cit., p. 52
[8] Lineamenta do Sínodo dos Bispos de 2012, nº 5.
[9] Ibidem, nº 5.
[10] Ibidem, nº 5.
[11] AGUILAR, D. Fernando Sebastián – Testemunha do Evangelho, op. cit. p. 52. Cf. Ibidem, p. 98.
[12] ANTUNES, D. Virgílio do Nascimento – Possíveis caminhos para uma Nova Pastoral. Coimbra, 29 de Setembro de 2011, p. 4.
NOTA: Publica-se apenas a parte inicial (pontos 1 e 2); pela sua extensão ficam por publicar ainda o ponto 3 e 4 ( este último referente ao acompanhamento e avaliação da execução do Programa Pastoral. Algumas dificuldades com o blog não permitem a indicação devida das referências bibliográficas, mas que estão completas).