sexta-feira, 30 de setembro de 2011

Linhas de orientação para a vida da Diocese

Aqui estão as grandes linhas de orientação para a vida da Diocese, no futuro próximo, apresentadas pelo nosso Bispo, Senhor D. Virgílio Antunes:

POSSÍVEIS CAMINHOS PARA UMA NOVA PASTORAL


1. INTRODUÇÃO

Neste meu primeiro encontro convosco, o clero da diocese de Coimbra, desejo saudar-vos com afecto. Agradeço as manifestações de alegria e estima que tenho recebido da vossa parte e da parte de muitos religiosos e leigos de toda a Diocese. Peço a Deus que me ajude a uma configuração cada vez maior com Cristo, na missão de Pastor da Sua Igreja, que é esta diocese de Coimbra. Também vós, com certeza, lho pedis juntamente com as comunidades paroquiais a que presidis.

Estamos a iniciar um novo ano pastoral, que coincide com o início do ministério do novo bispo de Coimbra. Nestas circunstâncias há muitas ideias que andam no ar, muitas perspectivas que precisam de ser reflectidas e muitas opções que é urgente tomar. Peço-vos disponibilidade para juntos darmos lugar a essa reflexão e procurarmos colegialmente os melhores caminhos para a vida desta porção do Povo de Deus, entregue aos nossos cuidados pastorais. Estamos em tempos de muita exigência a todos os níveis e não podemos adiar os esforços de comunhão entre nós e com Cristo, a pedra angular que sustenta a Igreja. Queira Deus que a entrada do novo bispo possa ser um factor aglutinador de todas as forças humanas, bem conduzidas pela força do Espírito Santo de Deus, no sentido de perscrutarmos de forma inteligente e audaz os caminhos a percorrer.

A entrada do novo bispo coincidiu com a última fase da implementação do anterior Plano Diocesano de Pastoral para 2008-2011, intitulado “Ide e fazei discípulos”. Em tempo oportuno as várias instituições fizeram a avaliação do impacto que teve na vida das comunidades e da própria Diocese. Não temos preparado novo Plano Pastoral devido às circunstâncias de mudança que conhecemos e porque ele tem de surgir da reflexão e oração conjunta, por meio das quais procuraremos discernir as prioridades e definir alguns objectivos a curto prazo, que nos ocuparão nos próximos tempos.

Este ano pastoral de 2011-2012 sem um Plano Pastoral definido será de reflexão e poderá ter grande utilidade, se nos ajudar, com muita ponderação, a traçar algumas prioridades pastorais, objectivos e linhas de conduta. É um ano em que procurarei conhecer a realidade da Diocese e inserir-me nos seus dinamismos. No início do próximo ano esperamos ter um novo Plano Diocesano de Pastoral.

Juntamente com o Conselho Episcopal, delineámos o programa destas Jornadas de Pastoral, intituladas “Caminhos de revitalização das comunidades cristãs”. O objectivo fundamental, como vos disse na carta enviada, consistia em nos levar a revisitar os fundamentos escriturísticos e do magistério conciliar acerca da identidade cristã e eclesial que nos permitisse olhar para as comunidades cristãs que somos e abrir alguns caminhos para a sua revitalização. No fundo, pretendíamos recentrar-nos nas fontes da identidade da Igreja e de toda a sua acção, para a partir daí pensarmos o nosso modo concreto de ser Igreja nas circunstâncias actuais. Daí que tenhamos insistido na Palavra sempre nova da Escritura e no Magistério mais actual da Igreja, o do Concílio Vaticano II e do pós-concílio.

Nesta comunicação pressuponho aquilo que foi dito pelos competentes conferencistas que convidámos e procurarei situar-me num plano mais prático, numa tentativa de vos oferecer algumas reflexões e propor alguns desafios. Trata-se, como é evidente, de uma visão parcial e que enferma de um insuficiente conhecimento da globalidade da vida da diocese de Coimbra, tão vasta nas suas dimensões e tão complexa nos seus múltiplos detalhes.

2. O ESPÍRITO QUE NOS ANIMA

Na encruzilhada dos tempos em que nos encontramos, a Igreja vê desafios novos e grandes, que tem de estar à altura de enfrentar. A laicização crescente da sociedade, a perda do sentido de Deus, o materialismo prático, a crise de valores, o eclipse do transcendente, entre outros.

Depois de uma Igreja de cristandade, influente, capaz de marcar o ritmo da sociedade e da cultura a diferentes níveis, somos agora uma Igreja que perde nas estatísticas e caracterizada por uma enorme ausência de convicções em parte dos seus membros. Sentimo-nos Igreja em declínio, com todas as consequências que isso provoca a nível psicológico. Os leigos por um lado e os ministros ordenados por outro, estão marcados por um certo desencanto, quando não desânimo e tentação de desistir. Frequentemente se ouvem nas assembleias, encontros, instituições e serviços eclesiais, expressões significativas como: as pessoas não vêm; os jovens estão ausentes da Igreja; já experimentámos e não conseguimos nada... Será que vale a pena?

O pessimismo tornou-se um denominador comum, com muitas consequências negativas: o deixar correr as coisas sem grandes sobressaltos nem iniciativas; o assistencialismo religioso, próprio de quem tenta adiar uma falência que parece inevitável; a incapacidade de reagir com novas propostas. Ao nível das comunidades paroquiais vai-se notando uma cada vez maior desertificação das igrejas, a diminuição da prática dominical, da frequência da catequese infantil, do número dos que casam catolicamente, dos que são baptizados e confirmados, e o crescente aumento do número de pessoas que não se identificam com o pensar e sentir da Igreja, sobretudo com a sua doutrina moral.

Ao nível da Diocese parecem faltar linhas de orientação bem claras para todos, propostas de acção, uma organização bem definida, agentes qualificados e inclusivamente estruturas humanas e físicas.

Em consequência de um certo desgaste provocado por estas situações, pode faltar algum entusiasmo e alguma alegria na realização da missão eclesial. Pode acontecer que se enfrentem as dificuldades provenientes das circunstâncias actuais mais como um encargo pesado do que como uma oportunidade e um desafio.

A situação que vivemos encontra um paralelo muito claro com a que nos oferece o Evangelho Segundo S. João no capítulo VI, após o discurso do Pão do Céu. Depois de anunciar a Sua carne como verdadeira comida e o Seu sangue como verdadeira bebida, Jesus pressente à sua volta uma reacção negativa, em consequência da dureza daquelas palavras que preanunciam a Sua paixão. As multidões e os próprios Apóstolos são tomados pela tentação do desânimo: as primeiras começam um movimento de afastamento; os segundos ficam inactivos e tolhidos nos seus movimentos, desorientados. A situação provoca a pergunta incisiva de Jesus: “Também vós quereis ir embora?”. Simão Pedro responde: “A quem iremos nós, Senhor? Tu tens palavras de vida eterna! Por isso nós cremos e sabemos que Tu é que és o Santo de Deus” (Jo 6, 67-68).

Estas palavras mostram-nos de forma eloquente que a Igreja está sujeita a passar por momentos difíceis e que a tentação de desistir é de todos os tempos. Quanto mais nos afastamos de Cristo e nos envolvemos com as estruturas humanas, mais facilmente perdemos o sentido da fé e cedemos face às adversidades. No mesmo discurso, Jesus refere-se à comunhão profunda com Ele como condição para permanecer firme na fé: “Quem realmente come a minha carne e bebe o meu sangue fica a morar em mim e Eu nele. Assim como o Pai que me enviou vive e Eu vivo pelo Pai, também quem de verdade me come viverá por mim (Jo 6, 56-57).

Tanto nós, os sacerdotes, como todos os outros cristãos que assumem qualquer ministério na Igreja, temos um primeiro desafio pela frente: deixar-nos encantar por Cristo, crescer no amor à Sua Igreja e na paixão pela salvação da humanidade. Sem paixão por Cristo e sem nos sentirmos os mais felizes dos homens pelo facto de, sem merecimento algum termos sido chamados por Ele e associados de um modo muito particular à sua pessoa e missão, nunca seremos agentes de renovação da Igreja. A diocese de Coimbra precisa urgentemente de sacerdotes, religiosos e leigos alegres por viverem com Cristo e por Cristo.

3. A PASTORAL DA FÉ

Frequentes vezes tenho sido abordado pelos meios de comunicação social e por algumas pessoas desejosas de saber quais são as minhas prioridades pastorais. Dentre tantos aspectos importantes e urgentes que podemos elencar, creio que a pastoral da fé está subjacente a todas elas.

No texto já referido do Evangelho de João, o evangelho da fé, há uma palavra inspiradora. As multidões, depois de serem saciadas na multiplicação dos pães, perguntam a Jesus: “Que havemos nós de fazer para realizar as obras de Deus?” Ele responde-lhes: “A obra de Deus é esta: crer naquele que Ele enviou” (Jo 6, 28-29).

A acção e estruturas da Igreja têm sentido e realizam a sua missão se estão ao serviço do crescimento da fé, ou seja, se levam as pessoas a crer naquele que o Pai enviou. Mais urgente se torna esta séria pastoral da fé no contexto de acentuada descristianização em que nos encontramos.

A acção da Igreja Diocesana há-de consistir prioritariamente em proporcionar os meios necessários para um caminho pessoal de conhecimento de Jesus Cristo, de encontro com Ele e de aprofundamento dos laços de comunhão com Ele. Essa acção tem de dirigir-se aos que estão fora da Igreja e precisam de encontrar uma fé porventura perdida ou que nunca germinou; aos que estando oficialmente dentro da Igreja por tradição cultural, perderam o sentido de Deus e precisam de ser reevangelizados; aos que estando dentro e sendo inclusivamente praticantes não têm uma fé enraizada, esclarecida ou comprometida.

Quando a Igreja propõe a Nova Evangelização, tem como objectivo centrar-nos de novo em Jesus Cristo e no Evangelho, utilizando os métodos e os meios adequados ao mundo actual. É necessário um novo ardor, como nos disse já o Papa João Paulo II e repetiu o Papa Bento XVI.

Gostaria que os próximos anos fossem essencialmente voltados para esta pastoral da fé, para a nova evangelização das comunidades, para o conhecimento de Jesus Cristo, para a adesão íntima e profunda a Ele. Este é o pressuposto básico para que qualquer renovação das estruturas eclesiais não seja uma operação estratégica vazia de significado, não compreendida nem desejada pelo Povo de Deus. É a partir de comunidades cristãs com uma fé forte, esclarecida e assumida que é possível fazer a passagem de uma Igreja centrada nas tradições populares religioso-culturais para uma Igreja assente em critérios evangélicos.

Ouso apontar três áreas sobre as quais deverá recair o nosso investimento num futuro imediato e que poderão ser objecto privilegiado do próximo/os Planos Diocesanos de Pastoral:

Eucaristia e Sacerdócio. É necessário aprofundar o lugar e significado da Eucaristia e do Sacerdócio na vida da Igreja, particularmente numa Diocese onde se multiplicam as celebrações dominicais na ausência de presbítero e onde as vocações sacerdotais são em número tão reduzido. É prioritário levar as comunidades a tomarem consciência do lugar insubstituível da participação na missa dominical, mesmo com sacrifício. O pior que poderia acontecer era os cristãos equipararem a Celebração Dominical na Ausência de Presbítero com a Celebração da Eucaristia. Urge, por isso, definir os critérios orientadores nesta matéria e preparar e celebrar com qualidade extrema a Eucaristia, de modo que transpareça sempre como ponto alto do culto cristão. Ao mesmo tempo, é prioritário investimento numa séria catequese sobre o sacerdócio na vida da Igreja e o trabalho em favor das vocações sacerdotais, como dimensão transversal a todos os sectores da pastoral da Igreja

Palavra de Deus. É necessário implementar um sério conhecimento da Sagrada Escritura, como Palavra de Deus que, juntamente com a Eucaristia, é o alimento de Deus para a sua Igreja. Não se pode fazer a nova evangelização sem propor aos cristãos a leitura, meditação e oração a partir da Palavra de Deus, tanto individualmente, como em família ou na comunidades cristã. A leitura litúrgica, a celebração da Liturgia das Horas e a lectio divina, acompanhadas pelo estudo bíblico são meios indispensáveis para o aprofundamento da fé. Temos de gastar muito tempo e energias a difundir entre os cristãos a prática da leitura orante da Bíblia, porque “a ignorância das Escrituras é ignorância de Cristo”.

Piedade popular. É necessário evangelizar a piedade popular, com manifestações tão ricas e expressivas em toda a Diocese. Concretamente, a piedade mariana tem sido muito valorizada pela Igreja, que reconhece o seu valor e apresenta critérios para o seu aproveitamento no Directório sobre Piedade Popular e Liturgia – Princípios e Orientações, da Congregação para o Culto Divino e a Disciplina dos Sacramentos. A proximidade da celebração do centenário das aparições de Fátima poderá constituir um meio privilegiado de mobilização, que permita algumas acções de evangelização das massas. A devoção mariana bem enquadrada teologicamente pode ser um grande veículo para congregar o Povo de Deus.

4. REPENSAR AS ESTRUTURAS PASTORAIS DA DIOCESE

Li os mais recentes documentos de trabalho elaborados na diocese de Coimbra sobretudo no âmbito do Conselho Presbiteral, particularmente o documento intitulado “Adequação Pastoral da Diocese de Coimbra às Exigências da Renovação Conciliar e aos Novos Contextos Sociais”, de 1999; a proposta de “Directório para os Arciprestados em dinâmica de Unidade Pastoral”, de 2010; e o documento que reúne as respostas ao texto da Conferência Episcopal “Repensar Juntos a Pastoral da Igreja em Portugal – Reflexão feitas nas Assembleias”. Repassei também os documentos do XII Sínodo Diocesano.

Percebi que há uma longa reflexão feita acerca dos caminhos a percorrer na acção pastoral da Diocese, que precisa de ter continuidade em ordem a um maior amadurecimento. Esperamos que não nos falte a segurança necessária em ordem às decisões e à implementação das medidas definidas.

Ninguém terá já dúvidas acerca da inadequação entre os nossos meios, métodos e estruturas pastorais, por um lado, e a nossa realidade cultural, sociológica e eclesial. As comunidades cristãs e a nova evangelização exigem mudanças muito profundas, muita coragem e muita ousadia, que frequentemente chocam com algum comodismo ou com a inflexibilidade de pessoas e comunidades.

Permito-me elencar algumas iniciativas que me parecem mais prementes no momento de criar condições mais adequadas à acção da Igreja Diocesana, a curto prazo:

a) Criação de um Conselho de Coordenação Pastoral, que, juntamente com o bispo, elabore os planos e programas pastorais, e promova a unidade indispensável de toda a acção pastoral diocesana.
b) Redefinição do organigrama dos órgãos executivos da Diocese: secretariados, serviços, departamentos, comissões...
c) Criação do Centro Pastoral Diocesano, no qual tenham sede todos os organismos diocesanos e se optimizem as sinergias existentes.
d) Reestruturação do plano de formação teológica dos leigos e de formação para os ministérios laicais, admitindo a hipótese de centralizar toda a formação dos leigos numa única entidade com pluralidade de valências.

5. QUESTÕES PENDENTES, MAS URGENTES

5.1. ADEQUAÇÃO DAS ESTRUTURAS PASTORAIS

Está em curso uma reflexão alargada acerca da adequação das estruturas pastorais da Diocese às circunstâncias actuais e acerca da necessidade de rever as diferentes circunscrições eclesiásticas vigentes, a saber: vigararias episcopais, arciprestados, unidades pastorais e paróquias.

Existe já um esboço de documento intitulado “Directório para os Arciprestados – em Dinâmica de Unidade Pastoral”, surgido no âmbito do Conselho Presbiteral e que oferece um bom ponto de partida para o estudo e reflexão, que há que continuar.

Junto alguns aspectos que me parecem fundamentais no momento de equacionar a questão da união de paróquias.

Em traços muito largos, podemos dizer que o modelo do passado, uma paróquia, um pároco, salvo raras excepções, não é mais possível na actualidade. É preciso, por isso, prever formas de agregação das paróquias que tenham a marca da estabilidade e dêm garantias de futuro a um trabalho que já está em curso ou tem de iniciar. Os conjuntos de paróquias, também chamados Unidades Pastorais, têm de ser definidos, tendo em conta a dimensão, a população e as afinidades locais. O factor determinante para esta divisão há-de ser a própria realidade local e populacional e não as capacidades do sacerdote.

O modelo tradicional do sacerdote, que vive sozinho e, por vezes, isolado, não serve para os tempos presentes. Cada vez mais, a vida em pequenas comunidades sacerdotais é condição para a vivência feliz da fé cristã, para a entrega no serviço à Igreja e para que a ninguém falte o apoio humano e fraterno no meio de uma vida extremamente exigente.

As pequenas dimensões de algumas comunidades paroquiais, sobretudo nas regiões mais desertificadas e a prática cristã mais reduzida em muitas outras, impedem-nas de ter o dinamismo necessário ou confrontam-nas com a falta de meios humanos e materiais para sobreviverem com qualidade. A uma escala maior as possibilidades de qualidade celebrativa, catequética, evangelizadora, sócio-caritativa são maiores.

Do mesmo modo, o número e as fronteiras dos Arciprestados actualmente existentes, também carece de correcções.

Alguns, pelo facto de terem ao seu serviço um reduzido número de sacerdotes, acabam por não funcionar como arciprestados: é difícil programar acções comuns, não têm grande viabilidade as reuniões periódicas do clero com tão poucos participantes, e até o ofício de arcipreste acaba por ficar desvalorizado.

Tudo indica que o arciprestado para ter a relevância que lhe confere o Código de Direito Canónico tem de sofrer algumas mudanças na situação presente em que se encontra a diocese de Coimbra, como aliás nota o já referido documento de estudo.

5.2. FORMAÇÃO TEOLÓGICA E SACERDOTAL

Entre as questões complexas que a diocese de Coimbra actualmente enfrenta, está a da formação sacerdotal.

O Seminário Maior está a funcionar este ano com 20 alunos, dos quais 16 são da Diocese e 4 são de Cabo Verde.

O Instituto Superior de Estudos Teológicos funciona com o mesmo número de alunos, uma vez que, em virtude do Estatuto de Filiação na Faculdade de Teologia da Universidade Católica Portuguesa, não pode acolher outros alunos senão os que se preparam para as Ordens Sacras. Acontece que, como condição para lhes ser conferido o título académico de Mestrado Integrado em Teologia, devem matricular-se durante dois anos na Faculdade de Teologia, onde fazem quatro cadeiras curriculares, dois seminários e a tese final de mestrado. Ao longo de dois anos estão a deslocar-se uma vez por semana ao Polo da Faculdade de Teologia do Porto com esta finalidade.

Estamos numa fase de indefinição quanto ao futuro do Instituto que, não pode prolongar-se por muito tempo, sob pena de prejudicar a formação sacerdotal e a actividade tanto de alunos como de docentes.

O objectivo do ISET seria evoluir do Estatuto de Filiação para o de Agregação. Para a Congregação da Educação Católica, a Filiação é a figura canónica dos institutos destinados à formação paras Ordens Sacras, ou seja, para os Seminários; e a Agregação é a figura canónica dos institutos destinados à formação teológica em geral. Deparamo-nos com algumas dificuldades concretas: o número reduzido de alunos, a escassez de pessoas dedicadas prioritariamente à actividade docente.

Estamos neste momento a estabelecer contactos com a Direcção da Faculdade de Teologia no sentido de propormos a evolução para o Estatuto de Agregação. Reconhecemos que nos exigiria um grande esforço a todos os níveis, sobretudo na formação dos professores e no aumento do número de alunos, mas reconhecemos também que seria um meio extremamente útil para a formação teológica dos candidatos às Ordens Sacras e para a formação dos leigos, assim como para o diálogo fé e cultura, para o intercâmbio com o meio universitário e para credibilizar a presença da Igreja no mundo. Acreditamos que a região centro do país e a cidade universitária que é Coimbra tem necessidade de estudos teológicos.

Numa perspectiva realista, temos de admitir também a hipótese de não conseguir viabilidade para este plano. Isso implicaria a transferência do Seminário Maior para outro lugar, a fim de os alunos aí frequentarem a Teologia.

5.3. EDIFÍCIOS DA DIOCESE

A diocese Coimbra está deficitária no que diz respeito a instalações destinadas a actividades de carácter espiritual, formativo e pastoral:

- falta um Centro Pastoral;

- alguns Serviços estão mal instalados e dispersos por diferentes locais;

- sente-se a falta de uma casa de retiros;

- o edifício do Seminário Maior precisa de requalificação;

- a finalidade do Seminário da Figueira da Foz não está definida;

- o antigo edifício da Gráfica de Coimbra está degradado.

Urge, por isso, delinear uma estratégia de acção, que exige a ponderação dos seguintes aspectos: necessidades efectivas da Diocese, prioridades pastorais, conveniência da afectação de determinado edifício a determinada finalidade, capacidade económica.

Vamos debruçar-nos quanto antes sobre este assunto.

6. CONCLUSÃO

Nestes quase três meses de presença na Diocese de Coimbra procurei observar a realidade, colher informação, perceber as desilusões e aspirações de muitas pessoas com quem já contactei, sacerdotes e leigos. Regra geral, os cristãos mostram grande desejo de crescer na fé, de trabalhar na Igreja e de dar a volta às situações mais difíceis.

A Diocese tem pela frente grandes desafios que, espero, nos hão-de mobilizar a todos, particularmente a nós, sacerdotes enquanto participantes da missão de Cristo Pastor.

Procuraremos enraizar-nos bem na fé, por meio de uma vida espiritual profunda, alicerçada na Eucaristia, na Palavra de Deus e na oração pessoal profunda. O Espírito Santo dar-nos-á a capacidade de discernimento necessária para colaborarmos com Ele na edificação da Igreja, sacramento de salvação da humanidade.

Peço a Nossa Senhora, Santa Maria de Coimbra, que nos ampare nesta tarefa que confiados na sua protecção assumimos.

Coimbra, 29 de Setembro de 2011
+ Virgílio do Nascimento Antunes
(Bispo de Coimbra)

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