sexta-feira, 4 de janeiro de 2013

Homilia da Solenidade de Santa Maria Mãe de Deus (1 Janeiro de 2013)


SOLENIDADE DE SANTA MARIA

MÃE DE DEUS

1 JAN. 2013


Começaram a contar o que lhes tinham anunciado

sobre Aquele Menino (Lc. 2,17)


Introdução:


   No primeiro dia do ano celebramos sempre o mistério da Virgem Mãe de Deus – a mãe do Verbo que se fez carne entre nós (Jo. 1, 14) –, celebração constitutiva do Natal, com a qual se encerra a sua oitava; bem como a maternidade de Maria relativamente à Igreja, especialmente enquanto seu modelo e intercessora, nessa relação maternal que, pela mesma encarnação de Cristo, a ela nos vincula, enquanto membros do Seu Filho (cf. LG. 62).

   Mas o primeiro dia do ano é ainda momento propício para suplicar a Deus que nos conceda um tempo de verdadeira paz - dom precioso que Deus já nos concedeu, pela dádiva do verdadeiro Príncipe da Paz, o Seu Filho Unigénito, feito homem no meio de nós; enquanto, por outro lado, esta é ainda tarefa de que Ele nos incumbe, pela fidelidade à construção daquele Reino que Cristo, o Seu Filho Primogénito, já instaurou na plenitude dos tempos, mas que aguarda ainda a sua plena consumação, no tempo que há-de vir. Neste sentido, a paz é inequivocamente um dom amoroso que Deus já concedeu a todos os povos, mas igualmente tarefa que temos de continuar, no devir da nossa própria história, para que esta seja uma graça partilhada na harmonia de uma sincera vida fraterna, na fidelidade à vontade de Deus a nosso respeito. É neste contexto, de resto, e atenta ao mundo hodierno, que se inscreve, em cada ano, a mensagem do Papa para o Dia Mundial da Paz, este ano sob o lema: Bem- aventurados os obreiros da Paz.

   Detenhamo-nos, então, brevemente, sobre o mistério de Maria, Mãe de Deus e Mãe da Igreja; sobre os convites que a Igreja nos faz neste Dia Mundial da Paz; para terminarmos invocando, de novo, Maria, a verdadeira Rainha da Paz.
 

1. Maria, Mãe de Cristo e Mãe da Igreja


   O mistério de Maria Virgem Mãe - a Theotókos, para usar a expressão do Concilio de Éfeso (431) – não se distingue do mistério do Natal, mas é nele que bebe, como sua fonte; pois todo o mistério, vocação e vivência de Maria nos centram na encarnação de seu Filho, «o Qual por amor de nós homens, e para nossa salvação, desceu dos Céus e encarnou pelo poder do Espírito Santo, no seio da Virgem Maria» (cf. LG. 52), como reafirmaremos, dentro de poucos instantes, e uma vez mais, no Credo. É neste mistério do Verbo feito carne e Sua missão que compreendemos o lugar singular que Maria ocupa na história da nossa salvação, pois a «união da Mãe com o Filho na obra da redenção, manifesta-se desde o momento em que Jesus é concebido virginalmente até à Sua morte» (LG. 57), fazendo com que nela, «a excelsa filha de Sião» (LG. 55), o tempo atingisse a sua plenitude e se inaugurasse uma nova graça, «quando o Filho de Deus assume dela a natureza humana, para, mediante, os mistérios da Sua carne, libertar o homem do pecado» (LG. 55). Maria está, pois, unida indissoluvelmente ao mistério de seu Filho, pela graça da sua maternidade.


   Mas, porque Mãe de Jesus Cristo, ela é também Mãe de todos os cristãos, os membros de seu Filho, por quem intercede, continuando a obter-nos os dons da salvação eterna (cf. LG. 62). Na verdade, «com o seu amor de Mãe, cuida dos irmãos do seu Filho, que ainda peregrinam e se debatem entre perigos e angústias, até que sejam conduzidos à Pátria feliz. Por isso, a Santíssima Virgem é invocada, na Igreja, com os títulos de advogada, auxiliadora, amparo e medianeira» (LG. 62). Partilhando a única mediação de Cristo (cf. LG. 62), o seu Filho, junto de Quem intercede a nosso favor, ela é para nós verdadeiramente Mãe solícita, encaminhando-nos para o dom da salvação eterna (cf. LG. 62).


   Maria é, ainda, modelo da Igreja, de quem é figura, seja enquanto sinal da esperança futura (cf. LG. 68), ela que está «já glorificada nos Céus em corpo e alma» (LG. 68), seja enquanto imagem perfeita na ordem da fé, da caridade e da perfeita união com Cristo (c. LG. 63). Por isso, a Igreja, celebrando-a como sua Mãe, «na ordem da graça» (LG. 61), deixando que ela nos atraia para seu Filho (cf. LG. 65), celebra-a também como exemplo das virtudes teologais – a fé, a esperança e a caridade - «buscando e cumprindo em tudo a vontade de Deus» (LG. 65).

   Por ela, Mãe fiel, somos conduzidos à escuta e à imitação de seu Filho, Aquele a quem proclamamos como único Príncipe da Paz.

 
2. Cristo é na verdade a nossa Paz.


   São Paulo, na Carta aos Efésios, proclama solenemente que Cristo é a nossa paz (cf. Ef. 2, 14) – paz para os que estavam longe e paz para os que estavam perto (cf. Ef. 2, 17). Assim, neste primeiro dia do ano, renova-se o convite, dirigido a todos os homens, para que acolham o único Príncipe da Paz, pois Ele em Si mesmo criou um só «Homem Novo», estabelecendo a paz, mediante a Sua cruz, reconciliando-nos com Deus (cf. Ef. 2, 15 – 16), de Quem nos fez verdadeiramente filhos adotivos Cf. Ef. 1, 5).

   Este mesmo convite ressoa na voz da Igreja, neste dia de hoje e no início de um novo ano, convidando-nos a um renovado acolhimento e anúncio de Jesus Cristo, o único em que encontramos a verdadeira paz. Conscientes, como nos refere o Papa Bento XVI, na sua Mensagem para o Dia Mundial da Paz, de que «A Igreja está convencida de que urge um novo anúncio de Jesus Cristo, primeiro e principal fator de desenvolvimento integral dos povos e também da paz» (nº3), pois, na verdade, «Jesus é a nossa paz, a nossa justiça, a nossa reconciliação» (nº 3). É que quem acolhe Jesus Cristo, o «Homem-Deus», vive «a jubilosa experiência de um dom imenso: a participação na própria vida de Deus, isto é, a vida da graça, penhor duma vida plenamente feliz» (nº 2), sabendo ainda que «Jesus Cristo nos dá a paz verdadeira, que nasce do encontro confiante do homem com Deus» (nº 2).

   Mas se esta paz deve ser acolhida, tem de ser igualmente anunciada – a paz para os que estavam longe (cf. Ef. 2, 17) -, realizando a missão singular da Igreja, referida pelo Concilio Vaticano II: «O Espirito Santo impele-a a cooperar na realização do propósito de Deus, que estabeleceu Cristo como princípio de salvação para o mundo inteiro» (LG. 17). Assim, a Igreja deve dispor os seus ouvintes para que creiam e confessem a fé, preparando-os para o batismo, libertando-os da escravidão do erro e incorporando-os a Cristo, «para que amando-O, cresçam até à plenitude» (LG. 17).


   Tal anúncio faz-se por palavras e por obras, encarnando o Reino de Deus, que Cristo realizou plenamente, Ele que não apenas o anunciou, mas que o encarnou no seu conjunto, até «ao dom total de Si mesmo» (nº 7).

   De igual forma, a Igreja anuncia e vive deste Reino, encarnando-o na história dos povos de cada tempo, purificando-a com as luzes do Evangelho. É neste contexto que se evidencia a Mensagem do Papa para o Dia Mundial da Paz, com convites muito sérios, a interpelar o nosso tempo e a sua cultura dominante.

   Desde logo, o Papa apela à prossecução de um verdadeiro bem comum, que define como o «conjunto de relações interpessoais e instituições positivas ao serviço do crescimento integral dos indivíduos e dos grupos», na esteira do Concílio Vaticano II, e que «está na base de toda a verdadeira educação para a paz» (nº 6). O tempo hodierno reclama um «renovado e concorde empenho» (nº 1) na realização deste bem comum, que tem de se concretizar como princípio fundamental ao serviço de uma nova cultura, apoiada num novo pensamento e síntese cultural (cf. nº 6) que, superando toda a espécie de tecnicismos, «harmonize as várias tendências políticas em ordem a este mesmo bem comum» (cf. nº6), promovendo «o desenvolvimento de todo homem e do homem todo» (nº 1).

   E se o Papa apela a uma nova cultura, enquanto «humanismo aberto à transcendência» (nº 2), que a paz necessariamente tem de pressupor, não deixa de apelar a uma nova ética de «comunhão» e de «partilha», que supere as conceções antropológicas e éticas fundadas sobre «motivos teórico-práticos meramente subjetivistas e pragmáticos, em virtude dos quais as relações de convivência se inspiram em critérios de poder e de lucro» (nº 2), assentes na «técnica» e na «eficiência» (nº 2), em vez de se centrarem na verdade da pessoa e o do seu bem pessoal e coletivo.

   É neste mesmo sentido que o Papa apela a uma nova cultura face à família; ao respeito pela vida humana, em todas as suas fases; à liberdade religiosa; ao direito ao trabalho, relativamente ao qual refere explicitamente - «não só a dignidade do homem mas também razões económicas, sociais e políticas exigem que se continue “a perseguir como prioritário o objetivo do acesso ao trabalho para todos, ou da sua manutenção”. Para se realizar este ambicioso objetivo, é condição preliminar uma renovada apreciação do trabalho, fundada em princípios éticos e valores espirituais, que revigore a sua conceção como bem fundamental para a pessoa, a família e a sociedade. A um tal bem correspondem um direito e um dever, que exigem novas e ousadas políticas de trabalho para todos» (nº 4) -; ou ainda a um novo modelo de desenvolvimento e da economia, que pressuponha sempre o bem comum, pois quem «exerce a atividade económica para o bem comum, vive o seu compromisso como algo que ultrapassa o interesse próprio, beneficiando as gerações presentes e futuras. Deste modo sente-se a trabalhar não só para si mesmo, mas também para dar aos outros um futuro e um trabalho dignos» (nº 5).

   É que a paz – continuando com as palavras do Papa - «envolve o ser humano na sua integridade e supõe o empenhamento da pessoa inteira: é paz com Deus, vivendo conforme à sua vontade; é paz interior consigo mesmo; e paz exterior com o próximo e com toda a criação» (nº 3). Sabendo que «a pedagogia para a paz implica serviço, compaixão, solidariedade, coragem e perseverança» (nº 7).


3. Confiados na intercessão de Maria


   Neste dia, voltamo-nos para Maria, a Rainha da Paz, porque Mãe do Príncipe da Paz, e estimulados pela imitação das suas virtudes (cf. LG. 67), pedimos-lhe que interceda por nós, para que em tudo e acima de tudo, nós, a Igreja, que a professamos como Mãe e que a temos como nossa singular representante, nos assemelhemos mais à sua figura, «progredindo continuamente na fé, na esperança e na caridade, buscando e cumprindo em tudo a vontade de Deus» (LG. 65).

Àmen.
 
Pe. Carlos Alberto G. Godinho

 

segunda-feira, 26 de novembro de 2012

PROGRAMA PASTORAL 2012 - 2013



PROGRAMA PASTORAL
2012 /2013

«ESTA É A NOSSA FÉ!»
 

INTRODUÇÃO

O presente ano pastoral de 2012/2013 terá como tema aglutinador a expressão:

«ESTA É A NOSSA FÉ!»


  Com a Carta Apostólica Porta Fidei, o Papa Bento XVI convocou um ANO DA FÉ. Este iniciou-se no passado dia 11 de Outubro, durante o Sínodo dos Bispos do mundo inteiro, em Roma, com o tema “A nova evangelização para a transmissão da fé cristã”, data que comemorou o 50º aniversário do início do Concílio Vaticano II, e que terminará em 24 de Novembro de 2013, Solenidade de Nosso Senhor Jesus Cristo, Rei e Senhor do Universo. Coincidindo ainda, este mesmo ano, com o 20º aniversário da publicação do Catecismo da Igreja Católica.

   Com o ANO DA FÉ, o Papa pretende colocar no centro da atenção de toda a Igreja, espalhada pelo mundo, aquilo que, desde o início do seu Pontificado, é um pensamento constante: o encontro com Jesus Cristo e a beleza da fé n’Ele. (In Programa Pastoral do Secretariado Diocesano da Evangelização e Catequese).

Tomámos, ainda, o capítulo III da Carta Pastoral do Bispo Diocesano para este mesmo ano, como fundamentação para o nosso programa pastoral.

 
DESCOBRIR NOVAMENTE OS CONTEÚDOS DA FÉ PROFESSADA, CELEBRADA, VIVIDA E REZADA (BENTO XVI, Carta Apostólica A Porta da Fé, 9).
 
1. A fé que professamos


O Ano da Fé constitui uma ocasião privilegiada para que a Igreja confesse a sua fé com renovado vigor e com uma consciência mais viva.

As comunidades cristãs e os crentes em geral conhecem pouco ou de forma muito superficial, o conteúdo da fé cristã e da doutrina da Igreja. Falta frequentemente aos cristãos a capacidade de enunciar e explicar tanto para si mesmos como para os outros as verdades fundamentais do Credo, fruto de uma catequese mais voltada para a adesão pessoal e a experiência comunitária do que para a aquisição de conceitos; outras vezes, fruto de uma doutrinação baseada na memorização, falta a compreensão dos diferentes artigos da fé que se repetem de memória sem que se conheça o seu alcance e significado.

A reflexão e o estudo do Credo, em ordem a uma melhor inteligência da fé, deverá ocupar parte importante das ações a desenvolver durante este ano. Grande ajuda dará a leitura e o estudo do Catecismo da Igreja Católica, publicado há vinte anos, tanto a nível individual como familiar e comunitário.

A leitura e o estudo dos Documentos do Concílio Vaticano II, particularmente das quatro Constituições, será uma ajuda para a compreensão do que é a Igreja e de qual a sua missão no mundo. Cinquenta anos depois do seu início, o Concílio continua a revelar-se como um acontecimento ímpar, como um dom inestimável do Espírito Santo e como fonte da tão desejada renovação da Igreja.

1.1. Atividades


·        Reflexão das 15 catequeses propostas pela diocese.

·        Caminhada semanal inspirada na liturgia dominical.

·        Retiro de jovens adultos: crentes e não crentes.

·        Reimpressão do caderno “Verdades e fundamentos da nossa fé”.

·        Disponibilizar a pagela do Credo e Símbolos dos Apóstolos aos paroquianos.

·        Valorizar a catequese de adultos como aprofundamento da fé e preparação para os sacramentos.

·        Disponibilizar algumas publicações de aprofundamento da fé.


2. A fé que celebramos

O Ano da Fé “será uma ocasião propícia também para intensificar a celebração da fé na liturgia, particularmente na Eucaristia, que é «a meta para a qual se encaminha a ação da Igreja e a fonte de onde promana toda a sua força» (Sacrosanctum Concilium, 10)” (Carta Apostólica A Porta da Fé, 9).

De facto, a celebração semanal da Eucaristia precisa de ser continuamente valorizada como a grande escola da fé da comunidade cristã. Ela deve constituir um marco fundamental da celebração do domingo e ser cuidada em todos os seus aspetos, com a colaboração estreita de todos os que nela desempenham algum serviço: leitores, cantores, acólitos, ministros extraordinários da comunhão.

O Ano da Fé deverá constituir uma oportunidade para se incentivar a formação de todos os que colaboram ativamente na celebração da liturgia dominical. Levará também os sacerdotes e diáconos a investir ainda mais na preparação pessoal e comunitária das celebrações, de modo que elas se tornem melhor expressão da fé.


2.1. Atividades


·        Cuidar da celebração eucarística: formação de acólitos, formação de leitores, renovação dos ministérios.

·        Fazer a profissão de fé (Símbolos dos Apóstolos) em algumas missas feriais e em celebrações exequiais.

·        Revalorizar o sacramento da penitência.

·        Celebrar, em comunidade, o sacramento da Santa Unção, na Quaresma.

·        Aprofundar os conteúdos da fé nas celebrações exequiais (Exéquias e missas de 7º dia).

·        Celebrar a hora de Vésperas em conjunto, nos tempos litúrgicos do Advento e Quaresma.

·        Efetuar um concerto de música quaresmal, como meio privilegiado para a compreensão da importância da música litúrgica para a celebração da fé.


3. A fé que vivemos
 

A fé cristã é adesão a Jesus Cristo e à sua Boa Nova, que tem consequências na vida dos crentes. Ela seria estéril se não fosse transformadora da realidade do mundo e da sociedade a que somos enviados, ou então, como diz a Epístola de S. Tiago, “... a fé, se ela não tiver obras, está completamente morta” (Tg 2, 17); “mostra-me então a tua fé sem obras, que eu, pelas minhas obras, te mostrarei a minha fé” (Tg 2, 18).

“Pela fé, no decurso dos séculos, homens e mulheres de todas as idades (...) confessaram a beleza de seguir o Senhor Jesus nos lugares onde eram chamados a dar testemunho do seu ser cristão: na família, na profissão, na vida pública, no exercício dos carismas e ministérios a que foram chamados” (BENTO XVI, Carta Apostólica A Porta da Fé, 13).

O Ano da Fé levará os cristãos a uma mais efetiva presença nas diversas realidades humanas, a um maior empenho na transformação da sociedade e da cultura, à luz da novidade do Evangelho assimilado e vivido.

Como recorda o Papa, “o Ano da Fé será uma ocasião propícia também para intensificar o testemunho da caridade”, pois “a fé sem a caridade não dá fruto, e a fé sem a caridade seria um sentimento constantemente à mercê da dúvida” (BENTO XVI, Carta Apostólica A Porta da Fé, 14).

 
3.1. Atividades

 
·        Incrementar o serviço de ação sócio caritativa, atendendo às novas formas de pobreza.

·        Realizar campanhas de partilha no Advento e na Quaresma, bem como outras a propor às comunidades paroquiais.

·        Incentivar os cristãos a visitarem doentes e dinamizarem grupos de atendimento fraterno.

·        Revalorizar o contributo penitencial, em conformidade com as indicações diocesanas.

·        Fazer uma ação de formação, para as comunidades paroquiais, sobre a Constituição Pastoral Gaudium et Spes.


4. A fé que rezamos
 

A oração faz parte integrante da vida do cristão, enquanto meio de fortalecimento da fé e da comunhão com Deus, de tal modo que Jesus ensinou os seus discípulos a rezar e incentivou-os a orar para não caírem em tentação (cf. Lc 22, 46).

A tradição da Igreja ensina que a oração exprime a fé e que, ao mesmo tempo, a alimenta.

O Ano da Fé constitui uma oportunidade para que implementemos hábitos de oração tanto a nível individual, como familiar e comunitário.


4.1. Atividades

 
·         Promover a oração familiar, nomeadamente no âmbito da catequese paroquial, usando como recurso o guião proposto pela Diocese.

·         Realizar semanalmente a Adoração Eucarística.

·        Valorizar as vigílias que se realizam habitualmente nas paróquias.

·        Incentivar cada cristão à oração pessoal – rezar o Credo algumas vezes na semana (se possível diariamente).

 
 
NOTA: Para além de todas as atividades indicadas, participaremos nas ações a dinamizar pela Igreja Diocesana. De igual modo, integram este programa todas as ações dos diversos organismos, movimentos ou serviços paroquiais, cuja programação foi já apresentada sectorialmente.

O texto de fundamentação (a azul) é retirado da Carta Pastoral do nosso Bispo: Ano da Fé - A alegria de crer e o entusiasmo de comunicar a fé. Coimbra, 15 de Agosto de 2012.

Luso - Pampilhosa, 26 de Novembro de 2012
Pe. Carlos Alberto da Graça Godinho
Pároco

quarta-feira, 10 de outubro de 2012

Apoio às Catequeses para o Ano da Fé


Começaram já a ser publicadas as Fichas de Apoio às Catequeses elaboradas para o Ano da Fé, na Diocese de Coimbra. Poderão ser consultadas em www.anodafe.pt.vu
O link está disponível neste blogue, na secção de «Páginas Web» (espaço lateral direito do blogue). Recordo que esta será uma caminhada que iremos iniciar em breve. Deverá consultar-se o material disponibilizado no site indicado.

segunda-feira, 8 de outubro de 2012

Carta Pastoral do Bispo de Coimbra - Ano da Fé

 
 
"A ALEGRIA DE CRER E O ENTUSIASMO DE COMUNICAR A FÉ"

 
CARTA PASTORAL DO BISPO DE COIMBRA - O ANO DA FÉ

 
INTRODUÇÃO
 
O Papa Bento XVI propôs a toda a Igreja o Ano da Fé, no contexto da celebração do cinquentenário da abertura do Concílio Vaticano II, dos vinte anos da publicação do Catecismo da Igreja Católica e tendo em conta a necessidade bem sentida de uma nova evangelização para a transmissão da fé cristã, que constituirá o tema do Sínodo dos Bispos a ter lugar em Outubro de 2012 (cf. BENTO XVI, Carta Apostólica A Porta da Fé, 4).
O Secretariado da Coordenação Pastoral, recentemente constituído, desenvolveu uma séria reflexão acerca deste tema, proposto pelo Papa, e apresentou à Diocese - sacerdotes, secretariados, comissões, serviços e movimentos – as principais linhas orientadoras do programa do Ano da Fé.
Tomou-se como ponto de partida o número 9 da Carta Apostólica do Papa Bento XVI, A Porta da Fé, que diz: “Desejamos que este Ano suscite, em cada crente, o anseio de confessar a fé plenamente e com renovada convicção, com confiança e esperança. Será uma ocasião propícia também para intensificar a celebração da fé na liturgia, particularmente na Eucaristia, que é «a meta para a qual se encaminha a ação da Igreja e a fonte de onde promana toda a sua força» (Sacrosantum concilium, 10). Simultaneamente, esperamos que o testemunho de vida dos crentes cresça na sua credibilidade. Descobrir novamente os conteúdos da fé professada, celebrada, vivida e rezada (cf. JOÃO PAULO II, Constituição Apostólica Fidei depositum, 116), e refletir sobre o próprio ato com que se crê, é um compromisso que cada crente deve assumir, sobretudo neste Ano.”
Partiu-se do pressuposto fundamental de que o mundo precisa de ser evangelizado, em obediência ao mandato recebido do Senhor, e tendo em conta o contexto em que caminha a Igreja no nosso tempo.
A própria Igreja, sempre em estado de renovação interior, é constituída por homens e mulheres que assumem a fé cristã de formas diferentes, com maior ou menor alegria e fervor, e sente a urgência de uma nova evangelização. Foram veementes os apelos de João Paulo II e, agora, de Bento XVI, a incentivar-nos para realizar esta missão.
Se há cristãos a professar e viver fielmente a fé recebida, muitos outros estão marcados por uma enorme indiferença ou foram tocados pela onda de laicismo largamente difundida. Se há comunidades cristãs vivas, unidas, a viver a comunhão com Deus, autenticamente missionárias e a testemunhar o amor de Deus ao mundo, outras há que perderam a capacidade de congregar os irmãos e o vigor da fé.
Na diocese de Coimbra, temos a graça de encontrar homens e mulheres cheios de Deus, a professar a fé com entusiasmo e disponíveis para o serviço da Igreja, sobretudo nas comunidades locais e paroquiais. Percebemos, apesar disso, que precisamos de um novo ardor, pois as grandes massas de batizados e crentes estão, agora, muito indiferentes à fé, perderam os hábitos de participação na liturgia e noutras ações eclesiais, não vivem a alegria da adesão a Cristo como o Caminho, a Verdade e a Vida.
Por outro lado, se há ainda uma percentagem muito elevada de pessoas que se sentem discípulas de Jesus Cristo e membros da Igreja, maior é o número dos que deixaram de ter essa inquietação e que vivem à margem de tudo isso. Há ainda os que, apesar de se considerarem cristãos, não possuem convicções capazes de suportar uma vida de fé, nem incarnam os valores provenientes do Evangelho de Jesus Cristo.
A messe é muito vasta e inclui tanto os que estão dentro da Igreja como os que estão fora dela. Exige um trabalho que se oriente em dois sentidos: no sentido da profundidade em relação aos que, de uma forma ou de outra, já são discípulos de Cristo e membros da Sua Igreja; no sentido do alargamento das fronteiras, em relação aos que estão fora da Igreja, e são indiferentes, agnósticos ou ateus.
 
 
I. NÓS CREMOS E SABEMOS QUE TU ÉS O SANTO DE DEUS (JO 6, 69)
 
O capítulo 6 do Evangelho segundo S. João inicia com a narração da multiplicação dos pães e dos peixes, continua com o episódio de Jesus que caminha sobre as águas e transmite confiança aos seus discípulos amedrontados (Jo 6, 16-21). Anuncia depois que a obra de Deus consiste “em crer naquele que Ele enviou” (Jo 6, 29). Segue-se o longo discurso do Pão da Vida, que conclui com a confissão de fé de Pedro, em nome dos Doze: “A quem iremos nós, Senhor? Tu tens palavras de vida eterna! Por isso nós cremos e sabemos que Tu és o Santo de Deus” (Jo 6, 68-69).
Este texto encerra em si um dos mais eloquentes paradigmas bíblicos do percurso da fé e das suas implicações na vida de cada crente e da comunidade cristã em que se insere. Convido-vos, por isso, a lê-lo e a refletir sobre ele, como ponto de partida para todas as atividades que vamos realizar no Ano da Fé.

 
1. “Seguia-O uma grande multidão” (Jo 6, 2).
 
A realidade do nosso tempo tem marcas muito distintas daquela que Jesus enfrentou quando as multidões O seguiam para toda a parte, como frequentemente refere o Evangelho. Estava-se num mundo em que a dimensão religiosa da vida era inquestionável, em que a fé era um dado adquirido e em que a dimensão transcendente fazia parte da cultura comum.
A figura do profeta, que fala de Deus e se apresenta como Seu mensageiro, surge sempre como uma esperança no meio de tantas desilusões, sofrimentos e portas fechadas aos anseios humanos. Se as palavras dos profetas tiveram tanto impacto no mundo antigo, maior teriam os sinais miraculosos realizados por Jesus e narrados pelo Evangelista. Os Seus contemporâneos ficavam deslumbrados com o Seu ensinamento, com os Seus gestos de misericórdia e com a Sua vida.
O mundo antigo manifestava uma certa apetência para Deus, mesmo que, por vezes, misturada com fanatismo sectário, sincretismo religioso, superstições. Havia um substrato social, cultural e humano que facilitava o acolhimento da Boa Nova, havia uma natural abertura a algumas dimensões entretanto perdidas, mesmo que, hoje, reconheçamos que era necessário um profundo trabalho de purificação das motivações e uma libertação das marcas pagãs.
A realidade que hoje enfrentamos tem contornos bastante diferentes, como reconhece o Papa Bento XVI, ao dizer: “Enquanto no passado era possível reconhecer um tecido cultural unitário, amplamente compartilhado no seu apelo aos conteúdos da fé e aos valores por ela inspirados, hoje parece que já não é assim em grandes sectores da sociedade, devido a uma profunda crise de fé que atingiu muitas pessoas” (Carta Apostólica A Porta da Fé, 2).
Na atualidade, as multidões não seguem Jesus com o mesmo entusiasmo. Antes pelo contrário, surgiram muitos movimentos culturalmente influentes, que lutam contra quaisquer vestígios da dimensão religiosa da vida humana, catalogando-os como sinais de um passado definitivamente ultrapassado. Noutros casos, a dimensão religiosa é empurrada para a esfera do estritamente pessoal e do foro interno, negando-se-lhe a possibilidade de qualquer influência na vida da sociedade. No caso do laicismo mais exacerbado, não somente a religião, mas inclusivamente a questão de Deus é banida da reflexão humana, como questão definitivamente arrumada.
O ateísmo tornou-se um fenómeno deste tempo, como reconheceu o Concílio Vaticano II: “Ao contrário do que sucedia em tempos passados, negar Deus ou a religião, ou prescindir deles já não é um facto individual ou insólito: hoje, com efeito, isso é muitas vezes apresentado como exigência do progresso científico ou dum novo tipo de humanismo” (Gaudium et Spes, 7).
As multidões, tomadas por um materialismo prático, que as absorve nas suas ocupações imediatas e nas suas preocupações quotidianas, manifestam fraca apetência pela busca da fé e pelo encontro comprometedor com Deus. Tudo isso parece supérfluo a quem luta diariamente com tantas preocupações e dificuldades, numa sociedade complexa e exigente.
No episódio da multiplicação dos pães e dos peixes, entre outras realidades, deparamo-nos com a afirmação da disponibilidade de Deus para vir ao encontro da humanidade em todas as circunstâncias, quando anseia por Ele e O deseja ou quando nem sequer reconhece que precisa d’Ele.
Jesus oferece-Se como dom às multidões, precisando que nós, a comunidade cristã, a Igreja, despertemos nelas o desejo de O conhecer, acreditar n’Ele e depositar n’Ele a sua confiança no meio de todas as apreensões e medos. Ele quer dar-se às multidões como o Pão da Vida Eterna e aproxima-se delas das mais variadas formas, a fim de que não lhes falte o alimento da salvação, segundo o desejo do Pai que O enviou. Na Sua Páscoa, Jesus realizará esse sinal, que agora permanece oculto aos olhos de muitos. Pela Sua morte e ressurreição realiza a missão de dar a salvação e a vida a todos os que acreditam n’Ele.
À comunidade cristã cabe ajudar a humanidade a entrar pela porta da fé, como caminho de encontro vital com Cristo, único Salvador, e com a Sua Igreja, sacramento da salvação. Uma vez que o terreno humano já não manifesta a mesma avidez de conhecer e encontrar Deus, a primeira tarefa consiste em causar provocação com interrogações acerca do sentido da vida e com o testemunho da alegria proveniente da entrega a Jesus Cristo na comunhão da Igreja.
 
 
2. “Sou Eu, não tenhais medo” (Jo 6, 20).
 
Ao caminhar sobre as águas, Jesus oferece um sinal para a fé, faz ver o poder de Deus que habita n’Ele e agora está no meio do Seu Povo, convida-o à confiança no meio de todas as adversidades.
Desde muito cedo que os leitores do Evangelho interpretaram a tempestade no meio do mar como uma imagem da realidade da vida humana fora dos horizontes de Deus, ou seja, do Homem entregue a si mesmo e desligado do Criador e longe da fé sobrenatural.
Esta situação sempre existiu, mas existe com novos contornos no nosso tempo, levando as pessoas a sentirem-se sozinhas no meio do mundo, alimentadas por uma esperança que não sacia e frequentemente marcadas pelo medo do futuro, pelo medo da vida e pelo medo da morte.
Ao dizer “sou Eu”, Jesus pretende levar os discípulos a reconhecerem n’Ele o Mestre, que já conheciam como companheiro e como amigo, mas antecipa também a palavra de revelação que aparecerá no final do capítulo, por meio da confissão de Pedro. Jesus é o Senhor, o Filho de Deus, o Salvador, Aquele que venceu a morte e que dessa forma dissipa todos os temores e realiza todas as potencialidades humanas.
Ao reconhecê-l’O, os discípulos acolhem-n’O na barca, saboreiam a calma e a paz da Sua presença, restabelecem a confiança que vence o medo.
A experiência humana continua a mostrar que o homem que se fecha a Deus não consegue libertar-se dos medos e angústias da vida. Por sua vez, quando se abre à fé e deposita a sua confiança em Jesus Cristo, que venceu o pecado e a morte, abriu horizontes de vida eterna, ultrapassa as barreiras que, por vezes, lhe parecem intransponíveis.
 
 
3. “A obra de Deus é esta: crer n’Aquele que Ele enviou” (Jo 6, 29).
 
Quase a meio do capítulo 6, o autor sagrado centra-nos, de novo, no tema recorrente, o da fé.
É importante, tanto para a Igreja como para todos os homens de boa vontade que se interrogam acerca das questões centrais da vida, repor constantemente esta pergunta: “Que havemos nós de fazer para realizar as obras de Deus?” (Jo 6, 28).
A resposta de Jesus aos seus discípulos é incisiva: “A obra de Deus é esta: crer n’Aquele que Ele enviou” (Jo 6, 29). Trata-se da fé em Jesus Cristo como “caminho para se poder chegar definitivamente à salvação” (Carta Apostólica A Porta da Fé, 3).
De facto, Deus enviou o Seu Filho ao mundo para que o mundo creia e seja salvo por Ele (Cf. Jo 3, 16); esta é a Sua obra: salvar o mundo por meio da fé em Seu Filho Jesus Cristo.
Deste modo, torna-se claro que a fé em Jesus Cristo é a grande proposta de Deus e a grande tarefa humana. Dela depende a salvação como único desejo amoroso de Deus, como recordou o Concílio Vaticano II: “só Cristo é mediador e caminho de salvação e Ele torna-se-nos presente no Seu corpo, que é a Igreja” (Lumen Gentium, 14).
Se Deus propõe constantemente a fé como um dom e fornece a graça necessária, ao homem cabe acolhê-la na fidelidade, num processo dinâmico, porventura paciente, longo e difícil. A Igreja tem aqui um papel insubstituível, proporcionando os contextos adequados para a experiência viva do encontro. A sua fé comprometida e viva, a comunhão profunda dentro da comunidade cristã, o testemunho de fidelidade na alegria, constituem os meios de que dispõe enquanto servidora da fé em Cristo e, portanto, colaboradora da obra de Deus.
No meio da dispersão de atividades, projetos e programas pastorais, somos convidados a repor a interrogação do Evangelho: “que havemos nós de fazer para realizar as obras de Deus?” (Jo 6, 28). A ação eclesial deve estar ao serviço da fé como a obra de Deus, como reconhece o Papa Bento XVI, e por meio dela “o homem contemporâneo pode sentir de novo a necessidade de ir como a samaritana ao poço para ouvir Jesus que convida a crer n’Ele e a beber da sua fonte, donde jorra água viva (cf. Jo 4, 14)” (Carta Apostólica A Porta da Fé, 3).
Reconhecemos, por isso, a urgência de nos mobilizarmos, enquanto comunidades cristãs, para esta missão específica, a que chamamos pastoral da fé, tanto voltados para aqueles que já integram a Igreja como para os que, batizados ou não, se sentem nas margens ou mesmo fora dela.
A obra de Deus consiste em crer n’Aquele que Ele enviou e a obra da Igreja, que não se entende na sua realidade e mistério desligada de Deus, é a mesma. Esta convicção exige de nós uma séria conversão na atitude pastoral e no modo de nos situarmos dentro da Igreja e na relação desta com o mundo.
Somos comunidade cristã que vive da fé no Filho de Deus que nos amou e se entregou por nós, e somos também comunidade voltada para o anúncio da mesma fé, isto é, que vive e assume a missão de evangelizar o mundo que lhe foi dado como tarefa.
 
 
4. “Eu sou o pão da vida” (Jo 6, 35).
 
Pela fé o homem tem acesso a Deus, que se comunica como a Vida em todos os sentidos. Usando os diversos simbolismos da água, do vinho e do pão, o Evangelho pretende falar da vida de Deus ou da vida eterna, que é “depender de uma realidade exterior a si mesmo” (XAVIER LÉON-DUFOUR, Lectura del Evangelio de Juan, vol. II, Sígueme, Salamanca, 1995, p. 77), da realidade do próprio Deus.
Pela fé, Jesus dá-se ao cristão e permite-lhe participar da realidade que é a Sua vida em plenitude, permite-lhe participar da sua própria existência e “transforma o seu ser, no mais profundo, numa vida voltada para o Pai” (XAVIER LÉON-DUFOUR, Lectura del Evangelio de Juan, p. 79).
Pela Eucaristia, o horizonte mais direto deste texto bíblico, o cristão fica unido a Jesus, que passa a habitar nele e a viver nele, de acordo com o sentido da expressão “Quem realmente come a Minha carne e bebe o Meu sangue, fica a morar em Mim e Eu nele... quem realmente Me come viverá por Mim” (Jo 6, 56-57).
É nesta nova relação de Cristo com o crente, semelhante à relação do Pai com Cristo, o Filho, que se realiza a obra de Deus, ou seja a salvação do homem. É, portanto, a criação desta nova relação que constitui a missão da Igreja, enquanto instrumento da salvação de Deus, e é esta a meta da pastoral da fé que agora nos é proposta.
A nova evangelização, caraterizada por um novo método e um novo ardor, entende-se na fidelidade a este desígnio salvífico de Deus, que sentimos o dever de acolher com docilidade, com alegria e com gratidão.
 
 
5. “Nós cremos e sabemos que Tu és o Santo de Deus” (Jo 6, 69).
 
Diante da manifestação de Jesus, há duas respostas possíveis, espelhadas na divisão que se opera entre os discípulos. Alguns não puderam reconhecê-l’O e foram-se embora, de acordo com o que diz o texto: “A partir daí, muitos dos seus discípulos voltaram para trás e já não andavam com Ele” (Jo 6, 66). Outros, porém, mantiveram-se firmes na atitude de fé e responderam pela voz autorizada de Pedro: “A quem iremos nós, Senhor? Tu tens palavras de vida eterna! Por isso nós cremos e sabemos que Tu és o Santo de Deus” (Jo 6, 68-69).
A presença de Jesus entre nós impele a uma decisão pessoal, livre e responsável. Os dois verbos «acreditamos» e «sabemos» referem-se a essas duas dimensões fundamentais do ato de crer, que são a fé em si mesma e a inteligência da fé. Por outro lado, acentuam a dimensão existencial da fé, que ultrapassa os limites da inteligência e da compreensão para ser uma adesão pessoal, uma resposta de fidelidade e de amor a um Deus que se revela, se aproxima e estabelece laços de amizade com os seus filhos.
A própria designação usada pelo Evangelista, “Tu és o Santo de Deus!”, relaciona-se com a expressão mais comum “Filho de Deus”. Uma e outra acentuam a importância dos laços pessoais na mais profunda relação humana, que são a paternidade e a filiação, dois dos maiores paradigmas do amor entre as pessoas.
Reconhecemos a dificuldade que enfrenta o homem diante desta urgência da decisão da fé. Perguntamo-nos, por isso, quais os caminhos a empreender no momento de programar as linhas de orientação da pastoral da fé. Interrogamo-nos sobre que métodos e meios utilizar para provocar esta experiência existencial de relação capaz de abrir o homem de hoje à fé. Procuramos conhecer os caminhos do encontro do homem com Deus, num mundo e num tempo que são os nossos, marcados por um conjunto de condicionalismos que tornam mais difícil o processo. Temos diante uma missão que somente pode ser vivida com grande paixão e amor.
 
 
II. A ALEGRIA DE CRER E O ENTUSIASMO DE COMUNICAR A FÉ
 
Procuraremos neste Ano da Fé acolher os apelos do Papa, quando diz: “Também hoje é necessário um empenho eclesial mais convicto a favor de uma nova evangelização, para descobrir de novo a alegria de crer e reencontrar o entusiasmo de comunicar a fé” (Carta Apostólica A Porta da Fé, 7).
A evangelização, cujo conteúdo é o mesmo de todos os tempos, ou seja, é Cristo conhecido, acolhido e amado, precisa de lançar mão dos meios e métodos mais adequados para o tempo em que vivemos, a fim de chegar aos homens de hoje, em situação cultural com contornos próprios.
Indispensável é, como nos tem recordado a Igreja, o novo ardor, a alegria de crer e o entusiasmo de comunicar a fé.

 
 
1. A alegria de crer
 
Um dos melhores sintomas da fé é a alegria dos crentes. Maria encheu-se de alegria ao ouvir o anúncio do Anjo Gabriel, Isabel estremeceu no encontro com o Salvador, os que ouviram as palavras de Jesus e por Ele foram curados ou perdoados sentiram-se fora de si, na alegria do contato com o Filho de Deus.
Razão tem o Apóstolo para incentivar os cristãos, na Epístola aos Filipenses: “Alegrai-vos sempre no Senhor! De novo o digo: alegrai-vos!” (Fl 4, 4).
No meio de todas as dores e penas da vida, quem crê em Jesus Cristo Ressuscitado tem razões para se alegrar interiormente, por conhecer já, na esperança, o futuro que o espera: todo o luto, sofrimento e morte passarão e chegará a glória que Deus preparou para os seus filhos (cf. Ap 21, 4).
A alegria cristã baseia-se na esperança que nasce do mistério pascal de Jesus Cristo, Aquele que passou pela morte, mas ressuscitou para a glória e nos abriu as portas da vida eterna.
Apesar destes pressupostos da teologia, nem sempre a vida cristã foi encarada como um caminho de esperança e de alegria. Frequentemente se acentuaram outras dimensões que deixaram esta realidade na sombra: a resignação enquanto aceitação passiva da cruz, as obrigações pesadas provenientes da imposição dos mandamentos e preceitos, o caráter inevitável de muitos acontecimentos causadores do sofrimento humano.
Sem negar a cruz de Cristo e as cruzes humanas, precisamos de descobrir e viver a alegria de crer, a paz interior que nos vem do encontro pessoal com Cristo, a sensação de plenitude que nos dá uma vida vivida na comunhão com Deus e no amor aos irmãos, a felicidade da vida comunitária nas suas mais variadas realizações e sempre sinal do amor de Deus.
Quem já alguma vez entrou em profundidade na oração cristã, tanto pessoal como comunitária, se abeirou do sacramento da reconciliação e sentiu a força da misericórdia e do perdão de Deus, participou na grandeza da celebração eucarística ou viveu em profundidade os outros sacramentos, percebeu o que é a alegria de crer.
Do mesmo modo, quem já se entregou a si mesmo na vivência do amor familiar, na abertura ao próximo, no cumprimento fiel dos seus deveres ou na solidariedade e fraternidade por amor a Cristo, percebeu o que é a alegria de crer.
O grande desafio que Deus nos faz consiste em entregarmos a nossa vida a Cristo, com alegrias e dores, e em nos alegrarmos com isso. Por sua vez, a Igreja é chamada a ser a comunidade dos que, apesar de tudo o que se passa no mundo, testemunham a alegria de conhecer Deus e de O amar na pessoa dos irmãos.
O Ano da Fé será ganho se nele conseguirmos a graça de crer no Senhor Jesus Cristo como nossa alegria e salvação.
 
 
2. O entusiasmo de comunicar a fé
 
Surpreende-nos a entrega de Jesus na realização da obra que Lhe foi confiada pelo Pai: a proclamação da Boa Nova do Reino. Do mesmo modo nos causa assombro o modo como os Apóstolos e Discípulos cumpriram o mandato que lhes foi dado: “Ide pelo mundo inteiro, proclamai o Evangelho a toda a criatura” (Mc 16, 15). Para Jesus e para os Apóstolos, a seriedade e entrega levaram ao martírio, a um testemunho que incluiu o derramamento do sangue, a morte.
Ao longo da História da Igreja, muitos dos que nos precederam viveram o mandato do anúncio do Evangelho com grande ardor e entusiasmo, de tal modo que, somos herdeiros de um património espiritual de altíssimo valor, ao qual devemos ser fiéis a toda a prova.
Também neste caso podemos dizer que um dos melhores sintomas da fé, tanto pessoal como comunitária, é o entusiasmo que temos de a comunicar. De facto, uma fé viva, que transforma a existência humana, que enche o coração, não pode esconder-se nem fechar-se dentro do peito, mas impele ao anúncio, à comunicação. Mais do que um mandato ou uma obrigação, torna-se um desejo incontido, um imperativo do coração.
Como recorda Bento XVI, “é o amor de Cristo que enche os nossos corações e nos impele a evangelizar... A fé torna-nos fecundos, porque alarga o coração com a esperança e permite oferecer um testemunho que é capaz de gerar: de facto, abre o coração e a mente dos ouvintes para acolherem o convite do Senhor e aderir à sua Palavra, a fim de se tornarem seus discípulos” (BENTO XVI, Carta Apostólica A Porta da Fé, 7).
Dos sacerdotes, religiosos e leigos que se dedicam à ação evangelizadora nas comunidades espera-se esse entusiasmo na comunicação da fé tanto na liturgia, como na catequese ou nos grupos apostólicos, enquanto realidade que transforma as suas vidas; dos pais, que sentem o apelo à educação cristã dos seus filhos espera-se o entusiasmo na comunicação da fé como uma realidade que se vive e não como uma teoria que se ensina; dos catequistas, animadores de grupos de jovens, professores de Educação Moral e Religiosa Católicas, dos educadores em geral espera-se um compromisso interior com o Senhor, que os enviou a falar e a testemunhar algo de novo e diferente do que proclama o mundo.
Sem esta alegria e este entusiasmo, fica comprometido o mandato do Senhor e não se cumpre o seu desejo de evangelizar o mundo. Não bastam as palavras, é precisa uma verdadeira paixão, como nos disse o Papa, em Fátima: “O apelo corajoso e integral aos princípios é essencial e indispensável; todavia, a mera enunciação da mensagem não chega ao mais fundo do coração da pessoa, não toca a sua liberdade, não muda a sua vida. Aquilo que fascina é sobretudo o encontro com pessoas crentes que, pela sua fé, atraem para a graça de Cristo dando testemunho dele” (Bento XVI em Portugal, discursos e homilias, Ed. Paulinas, 2010, p. 95).
O Ano da Fé será ganho, também, se nele conseguirmos a graça do entusiasmo em ordem à comunicação da fé, tanto na realização das ações já habituais na comunidade cristã, na escola ou na família, como nas ações que procuraremos criar em ordem a suprir algumas lacunas existentes no âmbito da pastoral da fé.
 

 
III. DESCOBRIR NOVAMENTE OS CONTEÚDOS DA FÉ PROFESSADA, CELEBRADA, VIVIDA E REZADA (BENTO XVI, Carta Apostólica A Porta da Fé, 9).
 
O Ano da Fé deve constituir uma ocasião privilegiada para a tão desejada revitalização da vida cristã nas comunidades diocesana e paroquiais.
Embora a Igreja Universal, através da Congregação para a Doutrina da Fé, e a Diocese, através do Programa do Ano Pastoral, forneçam alguns elementos para a vivência do Ano da Fé, é importante que cada Arciprestado, Paróquia, Secretariado, Serviço e Movimento, elabore o seu próprio Plano e Programa de ação, devidamente ajustados à sua realidade.
Em tudo procuraremos caminhar na comunhão eclesial, de modo que os programas particulares concretizem o programa geral e estabeleçam a convergência da Igreja Local, expressão e realização da única Igreja de Jesus Cristo.
 
 
1. A fé professada
 
O Ano da Fé constitui uma ocasião privilegiada para que a Igreja confesse a sua fé com renovado vigor e com uma consciência mais viva.
As comunidades cristãs e os crentes em geral conhecem pouco ou de forma muito superficial o conteúdo da fé cristã e da doutrina da Igreja. Falta frequentemente aos cristãos a capacidade de enunciar e explicar tanto para si mesmos como para os outros as verdades fundamentais do Credo, fruto de uma catequese mais voltada para a adesão pessoal e a experiência comunitária do que para a aquisição de conceitos; outras vezes, fruto de uma doutrinação baseada na memorização, falta a compreensão dos diferentes artigos da fé que se repetem de memória sem que se conheça o seu alcance e significado.
A reflexão e o estudo do Credo, em ordem a uma melhor inteligência da fé, deverá ocupar parte importante das ações a desenvolver durante este ano. Grande ajuda dará a leitura e o estudo do Catecismo da Igreja Católica, publicado há vinte anos, tanto a nível individual como familiar e comunitário.
A leitura e o estudo dos Documentos do Concílio Vaticano II, particularmente das quatro Constituições, será uma ajuda para a compreensão do que é a Igreja e de qual a sua missão no mundo. Cinquenta anos depois do seu início, o Concílio continua a revelar-se como um acontecimento ímpar, como um dom inestimável do Espírito Santo e como fonte da tão desejada renovação da Igreja.
Em ordem a um conhecimento mais profundo da fé cristã para uma adesão mais séria a Cristo e ao seu Evangelho, propõem-se alguns meios:
- Caminhada semanal inspirada na liturgia dominical, denominada Palavras. Ao longo de todo o ano litúrgico, por meio da leitura de um texto publicado pela Diocese, os cristãos poderão conhecer o conteúdo da fé cristã, encontrar um ponto de partida para a oração pessoal e familiar, professar a sua fé por meio da recitação do Credo e propor-se levar a efeito algum aspeto de mudança de vida e conversão.
- Reflexões catequéticas para o Ano da Fé, em quinze sessões. O texto elaborado pelo Secretariado da Coordenação Pastoral constitui um subsídio a ser utilizado tanto a nível paroquial, como a nível local ou por grupos de vizinhança liderados pelo pároco, por um Ministro Extraordinário da Comunhão, por um Animador das Celebrações Dominicais na Ausência de Presbítero, por um Catequista. Deseja-se que constitua uma proposta catequética assumida de forma generalizada pelo Povo de Deus.
- Propostas de anúncio querigmático ou primeiro anúncio. Apesar de terem recebido o batismo e terem frequentado a catequese de infância, são muitos os cristãos que precisam de um novo anúncio da fé, como se de um primeiro anúncio se tratasse. Não interiorizaram nem assumiram a fé como uma decisão marcante da sua existência, nem como uma relação pessoal com Cristo. Frequentemente ficaram-se por uma religiosidade popular, por uma tradição cultural ou por um cristianismo social, mas sem os fundamentos da fé.
Havemos de ser ousados nas propostas e nos convites para a participação nas catequeses de adultos, cursos, momentos intensos de evangelização, recorrendo porventura a estruturas existentes e já com provas dadas entre nós, como são os Cursos de Cristandade, os Convívios Fraternos, os Cursos Alfa, o Caminho Neo-Catecumenal ou outros que a Igreja nos oferece.
- Escola Diocesana de Leigos. Nos próximos três anos, o programa deste organismo diocesano tem como objeto o Concílio Vaticano II e o Catecismo da Igreja Católica.
De forma descentralizada e, portanto, de forma acessível ao Povo de Deus das diversas regiões da Diocese, a proposta deve ser aproveitada por grande número de pessoas, sobretudo por aquelas que foram chamadas a exercer alguma missão dentro da comunidade cristã.
 
 
2. A fé celebrada
 
O Ano da Fé “será uma ocasião propícia também para intensificar a celebração da fé na liturgia, particularmente na Eucaristia, que é «a meta para a qual se encaminha a ação da Igreja e a fonte de onde promana toda a sua força» (Sacrosanctum Concilium, 10)” (Carta Apostólica A Porta da Fé, 9).
De facto, a celebração semanal da Eucaristia precisa de ser continuamente valorizada como a grande escola da fé da comunidade cristã. Ela deve constituir um marco fundamental da celebração do domingo e ser cuidada em todos os seus aspetos, com a colaboração estreita de todos os que nela desempenham algum serviço: leitores, cantores, acólitos, ministros extraordinários da comunhão.
A Ano da Fé deverá constituir uma oportunidade para se incentivar a formação de todos os que colaboram ativamente na celebração da liturgia dominical. Levará também os sacerdotes e diáconos a investir ainda mais na preparação pessoal e comunitária das celebrações, de modo que elas se tornem melhor expressão da fé.
A nível diocesano calendarizaram-se alguns momentos celebrativos, que marcarão etapas importantes de todo o Ano:
- Abertura Solene do Ano da Fé – 7 de outubro de 2012, com uma assembleia de responsáveis das comunidades, da parte da manhã, e a celebração da Missa, da parte da tarde, na Sé Nova.
- Dia da Igreja Diocesana – 26 de maio de 2013. A celebração terá lugar a nível arciprestal, com a realização de assembleias para avaliação do ano e de celebrações nas quais se fará a entrega do Credo e a profissão de fé.
- Peregrinação Diocesana a Fátima - 22 de junho de 2013. O encerramento do ano pastoral constituirá uma grande jornada de ação de graças a Deus no Santuário de Nossa Senhora de Fátima.
 
 
3. A fé vivida
 
A fé cristã é adesão a Jesus Cristo e à sua Boa Nova, que tem consequências na vida dos crentes. Ela seria estéril se não fosse transformadora da realidade do mundo e da sociedade a que somos enviados, ou então, como diz a Epístola de S. Tiago, “... a fé, se ela não tiver obras, está completamente morta” (Tg 2, 17); “mostra-me então a tua fé sem obras, que eu, pelas minhas obras, te mostrarei a minha fé” (Tg 2, 18).
“Pela fé, no decurso dos séculos, homens e mulheres de todas as idades (...) confessaram a beleza de seguir o Senhor Jesus nos lugares onde eram chamados a dar testemunho do seu ser cristão: na família, na profissão, na vida pública, no exercício dos carismas e ministérios a que foram chamados” (BENTO XVI, Carta Apostólica A Porta da Fé, 13).
O Ano da Fé levará os cristãos a uma mais efetiva presença nas diversas realidades humanas, a um maior empenho na transformação da sociedade e da cultura, à luz da novidade do Evangelho assimilado e vivido.
Como recorda o Papa, “o Ano da Fé será uma ocasião propícia também para intensificar o testemunho da caridade”, pois “a fé sem a caridade não dá fruto, e a fé sem a caridade seria um sentimento constantemente à mercê da dúvida” (BENTO XVI, Carta Apostólica A Porta da Fé, 14).
Neste sentido, entre muitas iniciativas particulares de ação caritativa, exortamos os cristãos da Diocese a fazerem da Renúncia Quaresmal e do Contributo Penitencial uma grande campanha de caridade em favor dos pobres.
 
 
4. A fé rezada
 
A oração faz parte integrante da vida do cristão, enquanto meio de fortalecimento da fé e da comunhão com Deus, de tal modo que Jesus ensinou os seus discípulos a rezar e incentivou-os a orar para não caírem em tentação (cf. Lc 22, 46).
A tradição da Igreja ensina que a oração exprime a fé e que, ao mesmo tempo, a alimenta.
O Ano da Fé constitui uma oportunidade para que implementemos hábitos de oração tanto a nível individual, como familiar e comunitário.
Nesse sentido se orientam as seguintes propostas:
- Encontros de espiritualidade, por arciprestado, no Advento e na Quaresma. Trata-se de uma jornada de oração em cada um dos tempos fortes que antecedem o Natal e a Páscoa, a organizar em cada um dos arciprestados de acordo com o programa que pareça mais oportuno e adaptado às circunstâncias locais.
- Adoração Eucarística. Segundo uma prática já habitual, deveremos reforçar os momentos de adoração eucarística, a um ritmo semanal – tradicionalmente a quinta feira. Com a colaboração dos Ministros Extraordinários da Comunhão, é possível uma rede de oração que envolva, a critério dos párocos, as igrejas e capelas onde se conserva o Santíssimo Sacramento, numa grande oração de louvor e de súplica de toda a Diocese, especialmente em favor das vocações sacerdotais.
- Oração familiar. A partir da proposta semanal inspirada na Liturgia da Palavra e da reflexão feita à volta da palavra-chave de cada domingo, sugere-se a reunião da família em oração, ao menos uma vez em cada semana. Felizmente existem muitas outros subsídios disponíveis para ajudar as famílias a fazer o seu momento diário de oração, que poderão ser aproveitados.
 
 
 
 
CONCLUSÃO
 
Desejo ardentemente que o Ano da Fé seja um ano de graça do Senhor, que nos convida a acolhê-l’O como amigo nesta caminhada da nossa vida. A proposta de Deus continua a ecoar aos nossos ouvidos; é preciso que lhe respondamos por meio da fé que Ele mesmo põe nos nossos corações.
Às comunidades cristãs, na pessoa dos seus responsáveis, sacerdotes, diáconos, religiosos, consagrados e leigos, peço que ponham todo o empenho na realização das propostas emanadas da Diocese e sejam ousadas na construção do seu próprio programa pastoral. Não deixemos passar em vão esta oportunidade que o Senhor nos quer conceder por meio da sua Igreja.
Convido-vos a todos a estar atentos à voz do Espírito Santo, que continua a conduzir a Igreja e a abrir-lhe caminhos no meio deste mundo cheio de apreensões e ao mesmo tempo cheio de confiança no futuro.
Os materiais e as propostas apresentadas constituem um instrumento que, na sua simplicidade, não esgota a totalidade das iniciativas que poderão ser realizadas ao longo deste ano. Hoje, como ao longo da história da Igreja, o importante é estarmos disponíveis e atentos às interpelações que o Espírito faz em nós.
Avancemos, por isso, com esperança, tomando nas nossas mãos a missão que o Senhor nos confiou e colaborando para que se realize a obra de Deus: crer n’Aquele que Ele enviou, para que o mundo seja salvo.
Nas mãos de Maria, a Mulher feliz porque acreditou (Lc 1, 45), entregamos a caminhada de fé da nossa Diocese e da Igreja.

 
 
Coimbra, 15 de Agosto de 2012, Solenidade da Assunção de Nossa Senhora

Virgílio do Nascimento Antunes
Bispo de Coimbra