sábado, 11 de abril de 2009

A Páscoa de Cristo é a nossa Páscoa!


Cristo Ressuscitou! Aleluia! – É o grito pascal que vamos fazer ecoar nas nossas Igrejas, particularmente nas celebrações litúrgicas; nas nossas casas, especialmente aquando da Visita Pascal; ou mesmo nas nossas ruas, no testemunho cristão que damos do fundamento da nossa fé. Efectivamente, o acontecimento de Cristo morto e ressuscitado é o nosso verdadeiro «Evangelho», como afirma São Paulo: «Quando fui ter convosco, irmãos, para vos anunciar o testemunho de Cristo, não fui com sublimidade de espírito ou de sabedoria. Julguei não dever saber coisa alguma entre vós a não ser Jesus Cristo, e Este crucificado» (1Cor. 2, 1 – 2).
Ora, este é o conteúdo central da Páscoa – celebração da Morte e Ressurreição de Cristo. Por isso, Páscoa significa «passagem». Não já simplesmente do Egipto para a Terra da promessa, como na primeira Aliança; mas sim verdadeira passagem da morte para a vida, na experiência existencial do Filho de Deus morto e ressuscitado – a Páscoa definitiva.
O Mistério insondável, de perplexidade humana – que ainda hoje se constitui como facto indescritível para nós, enquanto experiência do túmulo vazio – não é apenas o Mistério do Deus feito Homem que regressa à vida após a sua morte; é sim, também, por união com toda a nossa realidade humana, o mistério de transfiguração da nossa própria existência. Em Cristo vivo e ressuscitado descobrimos a nossa verdadeira condição e a nossa mais profunda identidade. É também São Paulo quem nos aponta para esta novidade: «Pelo Baptismo fomos sepultados com Ele na morte, para que, tal como Cristo foi ressuscitado de entre os mortos pela glória do Pai, também nós caminhemos numa vida nova». (Rom. 6, 4) E «caminhar numa vida nova», na expressão Paulina, não comporta simplesmente uma atitude moral; mas sim, fundamentalmente, uma realidade existencial: pela morte e ressurreição de Cristo vivemos uma vida nova!
Assim, a Páscoa de Cristo é verdadeiramente a nossa Páscoa. Não no recurso ao tempo futuro, mas na certeza do tempo presente. É certo que vivemos «já» uma nova condição e que esta apenas se manifestará plenamente na ressurreição futura, após a morte, pela qual todos nós havemos de passar. Mas a participação é algo desse «já agora» da nossa própria vida. Daí que a Palavra de Deus nos convide a viver verdadeiramente como ressuscitados. Não a adiar o modo de ser à imagem de Cristo, como se essa fosse uma realidade meramente futura; mas sim a imitá-Lo aqui e agora, na certeza de que somos já um com Ele. Entendida assim, esta é, também, uma outra grande novidade da vida cristã.
O tempo que vamos viver – as celebrações pascais e todo o tempo que prolonga a sua celebração: os cinquenta dias de alegria pascal – é um convite enorme a redescobrirmos Cristo no seu Mistério Pascal e a redescobrirmo-nos n’Ele, pela graça do baptismo, mediante o qual fomos imersos nesta vida nova e plena. Que o tempo pascal, que se prolonga no número de dias, não nos deixe imersos numa certa rotina da vida cristã. Ao contrário, que se torne ocasião propícia para nos redescobrirmos no mistério desta vida, aprofundando-a pelo estudo, celebrando-a nos sacramentos e na oração pessoal, e testemunhando-a pelo modo novo de ser e de agir. Neste compromisso, o modelo outro não é senão o Senhor Vivo, porque Ressuscitado. É Ele quem nos impele, pela força do Seu Espírito, a sermos cada vez mais à Sua imagem.
Certo desta vida que amorosamente nos foi dada, sem merecimento algum da nossa parte, louvo a Deus pela graça de tão grande dom. Convido-vos a fazer coro comigo neste mesmo louvor, enquanto invoco sobre vós a bênçãos de Cristo Senhor.
Para todos vós uma santa Páscoa. Que ela seja certeza nas alegrias, alento nas tristezas, fundamento das esperanças, certeza nas dúvidas… Que, acima de tudo, ela seja verdadeira esperança, que nada nem ninguém poderão retirar-nos. Votos, uma vez mais, de uma Santa Páscoa!
Pe. Carlos Alberto da Graça Godinho
Pároco

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